Folha de S.Paulo

Supremo manda à primeira instância investigaç­ão contra senador Aécio

Decisão sobre caso, derivado de delação da Odebrecht, integra série de remessas após restrição de foro

- -Letícia Casado

brasília Uma das investigaç­ões contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi remetida do Supremo Tribunal Federal para a Justiça de Minas. O movimento faz parte de uma série de remessas que têm sido feitas nos últimos dias depois da decisão tomada na semana passada pelo tribunal para restringir o foro especial de deputados e senadores.

Os parlamenta­res serão processado­s na corte apenas em caso de suspeita de crime praticado no mandato e que tenha relação com o cargo.

Além de Aécio, os deputados Tiririca (PR-SP), Pedro Paulo (DEM-RJ) e o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) também são alvos de investigaç­ões remetidas à primeira instância.

No total, os ministros declinaram a competênci­a de 44 processos, entre inquéritos e ações penais. O número é parcial. Os magistrado­s estão fazendo uma triagem nos estoques de processos de seus gabinetes para saber o que deverá ser remetido, de acordo com a nova orientação do STF.

A decisão que envolve Aécio foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes e foi antecipada pela coluna Painel.

O caso do tucano, enviado à Justiça estadual mineira, é baseado em delações da Odebrecht e apura se o senador participou da montagem de um cartel que fraudou licita- O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, durante julgamento nesta terça-feira (8)

ções para construir a Cidade Administra­tiva, uma das principais obras de sua gestão como governador.

O inquérito chegou ao STF em março de 2017. Os executivos Sérgio Luiz Neves e Benedicto Júnior disseram que Aécio participou de esquema de fraude em licitação para obter propinas decorrente­s dos pagamentos das obras, o que

ele nega. Os repasses ilícitos atingiram R$ 5,2 milhões, segundo a Procurador­ia-Geral da República.

Aécio é alvo de outros seis inquéritos no STF, além de responder a uma ação penal.

Moraes também determinou a remessa de casos ligados a sete deputados federais. “Várias questões podem surgir, e o Ministério Público e a

defesa têm direito de questionar para ter padronizaç­ão e evitar subjetivis­mo [nas decisões]”, disse Moraes.

Nesta terça (8), os ministros da segunda turma decidiram manter foro especial nos casos de congressis­tas reeleitos. Essa era uma das questões em aberto com a decisão de restringir o foro. O entendimen­to foi adotado na análise de

denúncia contra o deputado Dudu da Fonte (PP-PE), acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O empreiteir­o Ricardo Pessoa, da UTC, disse que pagou R$ 300 mil de propina a Dudu e o dinheiro teria sido repassado à sua campanha para reeleição em 2010. O deputado foi reeleito novamente em 2014.

Esse caso já havia começado a ser julgado, mas foi interrompi­do. Ontem, por maioria, a turma decidiu aceitar a denúncia da PGR, transforma­ndo o parlamenta­r em réu. Votaram assim: Edson Fachin, Celso de Mello e Ricardo Lewandowsk­i. Para Gilmar Mendes e Dias Toffoli, a denúncia não deveria ser recebida.

Fachin declarou que a turma acabou por afirmar sua competênci­a para processar e julgar crimes imputados em uma denúncia e “praticados em uma legislatur­a por deputado federal que venha exercer, por força de reeleição, novo mandato do cargo.

A restrição ao foro foi definida no plenário, composto por 11 ministros. Mas os casos criminais são analisados nas turmas, com 5 magistrado­s cada. • • Campanhas 2014 Novamente, delatores dizem que fizeram repasses irregulare­s à campanha de Aécio à Presidênci­a e a parlamenta­res

Rio Madeira Inquérito apura se senador recebeu R$ 50 milhões para defender interesses das empreiteir­as em obras de hidrelétri­cas

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil