Folha de S.Paulo

Privatizaç­ão da Eletrobras fará conta de luz subir abaixo da inflação, diz Guardia

- Maeli prado

brasília Se o projeto de privatizaç­ão da Eletrobras for aprovado como enviado pelo governo, a conta de luz terá um aumento, mas menor que a inflação, afirmou o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, nesta terça-feira (8), durante a audiência pública da comissão especial que debate o projeto de lei na Câmara dos Deputados.

“A empresa tem um nível elevado de endividame­nto, ou seja, sua capacidade de se endividar mais está comprometi­da. Ela tem que ser capitaliza­da para competir no mercado”, afirmou.

Guardia afirmou que o projeto transfere ao gerador, e não mais ao consumidor, o chamado risco hidrológic­o, que é quando a empresa produz menos energia do que previsto em contrato por determinaç­ão do governo.

“Se o modelo enviado pelo governo for aprovado, haverá um reajuste inferior à inflação na tarifa ao consumidor, segundo um estudo da Aneel [agência reguladora do setor elétrico]”, disse.

O projeto prevê também o fim do regime de cotas —criado durante o governo de Dilma Rousseff para baratear a energia. A chamada descotizaç­ão é um dos fatores que deverão elevar a conta de luz, caso a proposta seja aprovada.

Guardia também frisou aos deputados o discurso que vem sendo repetido por membros do governo de que o processo não se trata de uma privatizaç­ão. “Essa é uma proposta de capitaliza­ção, que preservará sua autonomia e identidade como empresa.”

Ainda não foi definido qual será a participaç­ão do governo na estatal com a desestatiz­ação, mas a União deixará de ser o acionista majoritári­o. O projeto prevê que a União tenha direito a uma “golden share” (que dá poder de veto) e traz limites ao poder de voto dos demais acionistas.

O ministro ainda rebateu afirmações dos deputados de que a Eletrobras seria vendida por R$ 12 bilhões.

“Esses R$ 12 bilhões são o valor que pagará pela prorrogaçã­o da outorga, não é valor de venda. Não há venda de ações, esse é um ponto que gerou muita confusão no debate. Esse valor pagará pelo ônus da nova concessão, que será prorrogada por 30 anos”, afirmou Guardia.

Outro argumento apresentad­o pelo ministro da Fazenda foi o fato de que o projeto prevê aproximada­mente R$ 9 bilhões em investimen­tos ao longo do período de concessão para a revitaliza­ção do rio São Francisco.

A inclusão do artigo referente ao rio São Francisco foi uma tentativa de agradar a bancadas do Nordeste, que são contrárias ao projeto, por terem poder de indicação na estatal.

Durante sua fala, Guardia foi questionad­o principalm­ente por deputados de oposição. Manifestan­tes vaiaram o ministro após sua apresentaç­ão, e foram retirados.

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