Ratos se espalham e espantam ex-moradores de prédio que caiu
Bichos se proliferaram no entorno de edifício que desabou e atingem até as doações
são paulo A queda do edifício Wilton Paes de Almeida no largo do Paissandu fez com que ratos e ratazanas se proliferassem na superfície, espantando os ex-moradores que acampam na região e os comerciantes que ali permanecem.
Eles são mais visíveis à noite, quando saem em busca de restos de alimentos ou lugares aquecidos para se abrigarem. Vagam com tranquilidade, aos montes, especialmente na área em que fica um parquinho infantil, ao lado do acampamento dos ex-moradores.
O bando de ratos entra nos sapatos, serpenteia por entre as pilhas de roupas recebidas e tenta roubar comida.
“Tem ratos entrando nas barracas da molecada, tentando entrar na cozinha e pegar os mantimentos doados. Agora estamos nos organizando, retirando o lixo, colocando veneno, e está melhorando”, afirma Ana Paula Araújo, 30, ex-habitante do prédio.
Os roedores no largo têm duas origens. A primeira delas seria o próprio edifício caído.
“Sabemos que os animais têm um alerta de perigo. Imediatamente, eles começam a abandonar a área quando percebem calor intenso ou tremor. Eles são mais rápidos que os humanos nisso. Por serem rápidos e pequenos, podem sair pelas galerias ou migrarem para locais vizinhos”, afirma Marcos Potenza, pesquisador do Instituto Biológico.
Pessoas que moravam no prédio dizem que, devido às condições ruins de higiene, ele estava infestado de ratos.
Outra parcela dos bichos provavelmente saiu de abrigos nos arredores, assustada com o tremor do desabamento.
A nutricionista Tais de Oliveira, 28, que trabalha em lanchonete do largo, diz que dias após a tragédia um dos funcionários encontrou uma ratazana saindo do vaso sanitário, algo que, segundo ela, nunca havia acontecido antes.
“Nunca tínhamos visto nada parecido, nem sabia que era possível. Tivemos que tomar uma providência, chamamos a empresa de desratização, mas foi um investimento que tivemos que fazer antes do previsto. Também tem aparecido muitas baratas”, conta.
Há dois tipos predominantes de roedores no largo: ratos de telhado, que medem cerca de 20 cm, pesam até 300 gramas e costumam morar nas partes altas da região, em telhados e vãos de edifícios; e as ratazanas, que podem pesar até 700 gramas, são alguns centímetros maiores e moram fora de domicílios, em tocas e galerias no subsolo.
O comportamento abusado dos animais, tal como descrito por diversas pessoas das cerca de 50 famílias acampadas, pode se dever às condições de instabilidade que eles mesmos estariam enfrentando, de acordo com Potenza.
“Antes, os roedores existentes estariam ambientados aos seus abrigos e provavelmente teriam trajetos estabelecidos em busca de alimento. Com o incidente, alguns roedores podem ter ficado sem abrigo e alimento, passando a ocupar outros nichos e buscar uma nova fonte de alimento.”
A presença indesejada das pestes preocupa os moradores especialmente pela possibilidade de transmissão de Wendel e Wender, 10 Eva Barbosa da Silva, 42 Faxineira
Valmir de Souza Santos Marido de Eva Artur Hector de Paula, 45 Camelô
Francisco Lemos Dantas, 56 Confeiteiro