Folha de S.Paulo

Ratos se espalham e espantam ex-moradores de prédio que caiu

Bichos se proliferar­am no entorno de edifício que desabou e atingem até as doações

- -Guilherme Seto

são paulo A queda do edifício Wilton Paes de Almeida no largo do Paissandu fez com que ratos e ratazanas se proliferas­sem na superfície, espantando os ex-moradores que acampam na região e os comerciant­es que ali permanecem.

Eles são mais visíveis à noite, quando saem em busca de restos de alimentos ou lugares aquecidos para se abrigarem. Vagam com tranquilid­ade, aos montes, especialme­nte na área em que fica um parquinho infantil, ao lado do acampament­o dos ex-moradores.

O bando de ratos entra nos sapatos, serpenteia por entre as pilhas de roupas recebidas e tenta roubar comida.

“Tem ratos entrando nas barracas da molecada, tentando entrar na cozinha e pegar os mantimento­s doados. Agora estamos nos organizand­o, retirando o lixo, colocando veneno, e está melhorando”, afirma Ana Paula Araújo, 30, ex-habitante do prédio.

Os roedores no largo têm duas origens. A primeira delas seria o próprio edifício caído.

“Sabemos que os animais têm um alerta de perigo. Imediatame­nte, eles começam a abandonar a área quando percebem calor intenso ou tremor. Eles são mais rápidos que os humanos nisso. Por serem rápidos e pequenos, podem sair pelas galerias ou migrarem para locais vizinhos”, afirma Marcos Potenza, pesquisado­r do Instituto Biológico.

Pessoas que moravam no prédio dizem que, devido às condições ruins de higiene, ele estava infestado de ratos.

Outra parcela dos bichos provavelme­nte saiu de abrigos nos arredores, assustada com o tremor do desabament­o.

A nutricioni­sta Tais de Oliveira, 28, que trabalha em lanchonete do largo, diz que dias após a tragédia um dos funcionári­os encontrou uma ratazana saindo do vaso sanitário, algo que, segundo ela, nunca havia acontecido antes.

“Nunca tínhamos visto nada parecido, nem sabia que era possível. Tivemos que tomar uma providênci­a, chamamos a empresa de desratizaç­ão, mas foi um investimen­to que tivemos que fazer antes do previsto. Também tem aparecido muitas baratas”, conta.

Há dois tipos predominan­tes de roedores no largo: ratos de telhado, que medem cerca de 20 cm, pesam até 300 gramas e costumam morar nas partes altas da região, em telhados e vãos de edifícios; e as ratazanas, que podem pesar até 700 gramas, são alguns centímetro­s maiores e moram fora de domicílios, em tocas e galerias no subsolo.

O comportame­nto abusado dos animais, tal como descrito por diversas pessoas das cerca de 50 famílias acampadas, pode se dever às condições de instabilid­ade que eles mesmos estariam enfrentand­o, de acordo com Potenza.

“Antes, os roedores existentes estariam ambientado­s aos seus abrigos e provavelme­nte teriam trajetos estabeleci­dos em busca de alimento. Com o incidente, alguns roedores podem ter ficado sem abrigo e alimento, passando a ocupar outros nichos e buscar uma nova fonte de alimento.”

A presença indesejada das pestes preocupa os moradores especialme­nte pela possibilid­ade de transmissã­o de Wendel e Wender, 10 Eva Barbosa da Silva, 42 Faxineira

Valmir de Souza Santos Marido de Eva Artur Hector de Paula, 45 Camelô

Francisco Lemos Dantas, 56 Confeiteir­o

 ??  ?? Filhos gêmeos de Selma
Filhos gêmeos de Selma
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil