Folha de S.Paulo

LeBron faz Cleveland reviver após ano errático

Decisivo, astro de 33 anos leva time desacredit­ado à final de conferênci­a da NBA e alimenta comparação com Michael Jordan

- -Daniel E. de Castro e Thiago Ney

são paulo Com uma atuação de destaque atrás da outra durante as primeiras rodadas dos playoffs da NBA, o astro LeBron James recolocou o desacredit­ado Cleveland Cavaliers na disputa pelo título da Conferênci­a Leste da liga.

O desempenho do ala de 33 anos e seu poder de decidir jogos alimentam comparaçõe­s com Michael Jordan, considerad­o por muitos o maior jogador de basquete da história.

A quarta presença consecutiv­a em uma decisão parecia improvável para os Cavaliers até a semana passada. A equipe ficou apenas em quarto lugar na temporada regular e avançou na primeira fase dos playoffs, contra o Indiana Pacers, só no sétimo e último jogo da série melhor de sete.

A campanha irregular acompanhou o que aconteceu fora. Em fevereiro, o time passou por grande reformulaç­ão. Saíram Isaiah Thomas, principal aposta para substituir Kyrie Irving no início desta temporada, e os experiente­s Derrick Rose e Dwyane Wade.

Além do vaivém de jogadores, o técnico Tyronn Lue, criticado por supostamen­te não conseguir dar consistênc­ia tática ao time, afastou-se em 19 de março por problemas de saúde. Voltou no dia 5 de abril.

Sem Irving ou um substituto à altura do armador, o Cleveland tornou-se ainda mais dependente de LeBron, o que até agora não se mostrou um problema para o atleta.

A performanc­e do ala, elogiada durante o torneio, alcançou patamar ainda mais alto nos playoffs. Em 2018, ele tem a segunda melhor média de pontos de toda a sua carreilou ra nessa fase de mata-mata.

Das 11 partidas que a equipe fez contra Indiana Pacers e Toronto Raptors, em 4 LeBron marcou mais de 40 pontos.

Foi ao superar o Toronto, que havia acabado a temporada regular em primeiro lugar na conferênci­a, sem perder jogos que os atuais vicecampeõ­es da NBA voltaram a ser cotados para o título. O próximo rival será Boston Celtics ou Philadelph­ia 76ers.

Nos quatro jogos, o ala fez no total 136 pontos, pegou 33 rebotes e deu 45 assistênci­as; DeMar DeRozan e Kyle Lowry, os dois melhores jogadores dos Raptors, fizeram juntos 138 pontos, pegaram 30 rebotes e deram 46 assistênci­as.

Além da quantidade de pontos, LeBron está sendo decisivo nos jogos em que a equipe mais precisa dele.

O quinto jogo contra o Indiana estava empatado em 95 a 95 com o cronômetro quase zerado, mas LeBron acertou uma cesta de três pontos no estouro do cronômetro para dar a vitória aos Cavaliers. O time perdeu o sexto jogo, mas no sétimo LeBron tomou conta da quadra e fez 45 pontos.

Na terceira partida contra os Raptors, com os times empatados em 103 pontos, ele pegou a bola no fundo da quadra, avançou, passou pelo marcador e, ao lado do garrafão, pu- LeBron James

Nascido em Akron, Estado de Ohio, LeBron Raymone James tem 2,03 m, está com 33 anos, tem três anéis de campeão da NBA e foi eleito o melhor jogador do campeonato quatro vezes. Pelo Cleveland Cavaliers, seu time atual e pelo qual jogou entre 2003 e 2010, e pelo Miami Heat (de 2010 a 2014), LeBron esteve em sete finais consecutiv­as do leste. Agora vai para a oitava com o pé esquerdo.

Com apenas uma mão, arremessou a bola com o cronômetro chegando ao zero. A bola bateu na tabela e entrou na cesta, decretando nova vitória do time de Cleveland.

Em partidas de playoffs, LeBron já acertou cinco bolas com o cronômetro zerando no final do quarto período ou da prorrogaçã­o. Nessas circunstân­cias, Michael Jordan colocou na cesta três bolas.

Aposentado das quadras desde 2003, Jordan costuma ser reverencia­do como o melhor jogador de basquete da história, mas o poder de decisão de LeBron tem aberto espaço para contestaçõ­es.

“Todo o mundo achava que, com 33 anos, o LeBron iria baixar o ritmo. Está ocorrendo o contrário, ele está jogando cada vez melhor”, diz o brasileiro Tiago Splitter, que atuou na NBA entre 2010 e 2017.

Questionad­o sobre qual dos dois escolheria para jogar no seu time, Splitter se divide. “Se eu fosse escolher um ídolo, seria o Jordan. Se eu fosse escolher alguém para ganhar, seria o LeBron”, afirma.

O pivô Anderson Varejão, que jogou com LeBron em Cleveland, não toma partido, mas destaca as qualidades fora do ex-companheir­o.

“Está sempre preocupado com todos, sempre por perto. Ele tem um senso coletivo muito forte. É um líder que tem qualidades que o público e a imprensa não conhecem, por não estarem no dia a dia.”

Em frente ao ginásio United Center, em Chicago, há uma estátua em bronze de Jordan. Nela, há a inscrição: “O melhor que já existiu. O melhor que haverá de existir.” Pela primeira vez, a inscrição corre o risco de ficar datada.

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Tony Dejak - 5.mai.18/Associated Press LeBron James enterra no terceiro jogo da série contra o Toronto Raptors, em Cleveland

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