Folha de S.Paulo

Buena Vista Social Club traz tour de adeus ao Brasil

- -Amanda Nogueira

são paulo “Bom, como você deve imaginar, não é uma decisão simples dizer adeus, nunca e em nenhum sentido.”

Quem afirma é o alaudista Barbarito Torres, membro da Orquestra Buena Vista Social Club, com a qual se apresenta em quatro cidades brasileira­s a partir desta quinta (10).

Tendo à frente Torres, 62, a cantora Omara Portuondo, 87, o guitarrist­a Eliades Ochoa, 71, e o trompetist­a Manuel Guajiro Mirabal, 85 (que não vem ao Brasil por motivos de saúde), o grupo embaixador dos ritmos tradiciona­is cubanos se despede dos palcos com a turnê “Adiós”, iniciada em 2014.

“Todos tínhamos claro que era o momento de ao menos celebrar com música os 20 anos de carinho e apoio recebidos”, diz Torres. “Além disso, não se pode negar que estamos ficando mais velhos e teríamos que diminuir o ritmo.”

Os músicos já eram veteranos nos palcos e alguns estavam até esquecidos quando se uniram para gravar um álbum.

Sob a articulaçã­o do guitarrist­a americano Ry Cooder, o disco levou o nome de Buena Vista Social Club em homenagem a um clube musical da Havana pré-anos 1950, onde hoje funciona uma academia.

Desde 1997, quando o disco vencedor de um Grammy saiu, o conjunto já se despediu de nomes como o pianista Rubén González (1919-2003), do baixista Orlando López, o Cachaíto, (1933-2009) e do cantor Ibrahim Ferrer (1927-2005).

Para o alaudista, o grupo, da maneira como é conhecido, se encerra com a geração atual de músicos, ainda que novos artistas tentem seguir seu legado. “Como poderia ser um ‘Veinte Años’ sem a voz de Omara ou um ‘Chan Chan’ sem Eliades?”, questiona.

A fama da orquestra foi propelida pelo documentár­io que leva seu nome, dirigido por Wim Wenders em 1999. Agora, a turnê de despedida motivou novo registro audiovisua­l. “Buena Vista Social Club: Adios”, de Lucy Walker, retoma a vida e carreira dos integrante­s desde aquele momento.

O conjunto revive clássicos do cancioneir­o cubano e salvaguard­a ritmos como o son, a guajira, o bolero, o cha-chacha e a rumba. Com a lenta e gradual abertura do país, adquiriu mais relevância como guardiã da tradição musical frente a influência­s externas.

“Temos notado um aumento consideráv­el no número de turistas e isso ajuda a divulgar nossa música, já que ela se encontra em todas as esquinas do nosso país”, diz Torres.

Otimista, o alaudista se diz seguro sobre o espaço da música tradiciona­l cubana, que descreve como parte da identidade de seu povo. “Obviamente que as novas gerações estão atraídas pelos sons da moda, mas sempre há muito respeito pelos clássicos e muita educação musical.”

Torres evita comentar o impacto das mudanças na vida dos artistas locais. “Somos músicos e pessoalmen­te não entro muito na política”, diz. “O que faço bem é tocar e fazer as pessoas desfrutare­m da música e da dança.”

Buena Vista Social Club

No Rio, qui. (10), às 21h30, no Vivo Rio, av. Infante Dom Henrique, 85, tel. (21) 2272-2901. Esgotado; 18 anos (menores com responsáve­is). Em São Paulo, sáb. (12), às 22h, no Tom Brasil, r. Bragança Paulista, 1.281, tel. (11) 4003-1212. De R$ 120 a R$ 400 em ingressora­pido.com.br; 14 anos (menores de 14 com responsáve­is). Em Florianópo­lis, dom (13), às 20h, Parador 12, Servidão José Cardoso de Oliveira, s/nº, tel. (48) 3284-8156. De R$ 80 a $ 250 em ingressora­pido.com.br. 18 anos. Em Porto Alegre, ter (15), às 21h, no Auditório Araújo Viana, av. Osvaldo Aranha, 685, tel. (51) 32686664. De R$ 65 a R$ 90 a R$ 220 em uhuu.com. Livre (menores de 14 com responsáve­is).

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Miquel Benítez - 19.jun.15/Redferns via Getty Images O alaudista Barbarito Torres e a cantora Omara Portuondo em apresentaç­ão em Barcelona

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