Folha de S.Paulo

Banco tenta usar dinheiro do FGTS para poder ampliar crédito em ano eleitoral

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brasília No mesmo dia do evento no estádio Mané Garrincha, o Conselho Curador do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) se reúne e pode decidir pela liberação de recursos para expansão do crédito imobiliári­o da Caixa.

O banco é uma das apostas do presidente Michel Temer para estimular a economia brasileira, através do aumento de financiame­ntos habitacion­ais em ano eleitoral.

Esse objetivo esbarra na necessidad­e de a Caixa manter a sua adequação aos níveis de capital próprio exigidos internacio­nalmente para se fazer empréstimo­s. A regra se tornará mais rígida a partir do ano que vem.

Apesar de ter tido um lucro líquido recorde de R$ 8,6 bilhões no ano passado, e ter se enquadrado com folga nas novas normas após um período de aperto, a avaliação de especialis­tas é que o banco não pode se dar ao luxo de exagerar nos empréstimo­s.

“A Caixa é um banco de políticas públicas, mas este é um momento em que não pode acelerar muito a sua carteira de crédito”, afirma o economista João Salles, da consultori­a Lopes Filho.

Uma proposta em estudo, que pode ser decidida no dia 16, é a liberação de recursos do FGTS para ampliar o lançamento de unidades das faixas 1 a 1,5 do Minha Casa, Minha Vida.

São exatamente as faixas do programa habitacion­al com maior risco de inadimplên­cia que requerem o maior nível de cobertura por parte do banco.

A faixa 1 é direcionad­a a famílias com renda de até R$ 1.800 mensais, e a 1,5, para renda de até R$ 2.600.

Como divulgou a Folha, pessoas que participam das discussões entre a Caixa e o FGTS afirmam que o governo quer usar pelo menos R$ 3 bilhões do fundo para retomar os lançamento­s do programa habitacion­al.

Outra possibilid­ade seria usar, nessa expansão do crédito, os dividendos que a Caixa deixou de pagar ao seu controlado­r, a União.

Neste ano, o banco quitou apenas os 25% mínimos de dividendos relativos a 2017, requeridos em contrato.

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