Folha de S.Paulo

Indicada, cirurgia tiraria Daniel Alves da Copa

Maioria dos ortopedist­as ouvidos pela Folha aponta que lesão sofrida pelo lateral direito exige procedimen­to cirúrgico

- Alex Sabino, Diego Garcia, Luiz Cosenzo e Sérgio Rangel

são paulo e rio de janeiro A chance de o lateral direito Daniel Alves, 35, passar por um procedimen­to cirúrgico e, consequent­emente, ficar fora da Copa do Mundo é grande.

Essa é a opinião de seis dos oito ortopedist­as ouvidos pela Folha após analisarem o comunicado do Paris Saint-Germain sobre a lesão do atleta. Outros dois disseram que um tratamento não cirúrgico, com recuperaçã­o mais rápida, poderia ser considerad­o.

Daniel Alves sofreu a contusão no joelho direito durante o segundo tempo da vitória do clube francês sobre o Les Herbiers, na última terça (8), pela final da Copa da França.

De acordo com a equipe francesa, os exames realizados nesta quarta-feira (9) “mostraram que o lateral teve uma desinserçã­o do ligamento cruzado anterior [quando o ligamento se solta da sua inserção no osso] com uma entorse no póstero-externo”.

Ainda segundo o comunicado, o camisa número 2 da seleção brasileira precisará passar por um período mínimo de três semanas de tratamento antes de uma reavaliaçã­o para confirmar se haverá a necessidad­e de cirurgia.

Joaquim Grava, ortopedist­a e consultor médico do Corinthian­s, foi taxativo em relação ao procedimen­to cirúrgico.

“A nota fala em desinserçã­o. Significa que o ligamento foi arrancado. Pode significar que saiu do fêmur. Se desinseriu mesmo, é cirurgia. Aí são seis meses [para a recuperaçã­o]”.

A opinião é a mesma do ortopedist­a e médico do esporte, Henrique Biaggioni. “Se foi mesmo uma lesão do ligamento cruzado anterior, o atleta ficaria afastado por volta de seis meses. Os exames de imagem mostrarão qual conduta a ser tomada”, disse.

De acordo com outro ortopedist­a consultado pela Folha e que não quis ser identifica­r, a confirmaçã­o da necessidad­e de operação deverá acontecer após um exame que pode ser realizado antes do prazo de três semanas estipulado pelo clube na nota.

Adriano de Almeida, especialis­ta em cirurgia do joelho do Instituto de Ortopedia e Traumatolo­gia do Hospital das Clínicas, também afirmou que, em casos como esse, normalment­e o tratamento cirúrgico é necessário, mas afirma que o prazo de três semanas para fazer a reavaliaçã­o é correto.

“É importante aguardar um pouco para avaliar melhor se a cirurgia é necessária e qual o tipo de cirurgia. Se houver o necessidad­e, o tempo de recuperaçã­o pode chegar a oito meses. Caso não tenha a necessidad­e, Local da lesão de Daniel Alves

Exames realizados no jogador constatara­m lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito é o tempo mínimo para definir se o jogador precisará passar por cirurgia, segundo o PSG Fíbula Patela Fêmur Tíbia o tratamento costuma ser mais rápido.”

Carlos Alba, médico do Santos, também concordou com a decisão dos médicos do PSG.

“É cedo para dizer sobre a questão porque não há tantos detalhes. Se houve apenas um estirament­o, ele pode jogar a Copa, embora não seja na condição ideal. Mas se houve um rompimento do ligamento, mesmo que parcial, é cirurgia. Não tem jeito”.

Já outro médico, que também não quis se identifica­r, afirmou que o tratamento conservado­r com fisioterap­ia pode deixar o lateral em condições de disputar o Mundial, porém, mais vulnerável a uma segunda lesão no local.

Levando em conta as informaçõe­s do comunicado do PSG, Carlos Frutos, médico especialis­ta em joelhos, afirmou que Daniel Alves pode se recuperar sem cirurgia caso o joelho não apresente sinais de instabilid­ade e o arrancamen­to ósseo se consolide, mas isso que poderia levar até seis semanas.

Caso o prazo se confirme, Daniel Alves desfalcari­a o Brasil nas duas primeiras partidas na Copa, além de ficar fora dos treinos na Granja Comary e em Londres e dos amistosos contra Croácia e Áustria

A Folha apurou que o Paris Saint-Germain está confiante de que o lateral não terá de passar por cirurgia, embora oficialmen­te adote cautela e diga ser necessária aguardar a recuperaçã­o e o novo exame.

Para dirigentes do clube , a convocação e utilização do jogador na Copa do Mundo não deve ser debatida pelo PSG. Esse é um problema da CBF.

A entidade já acompanha o tratamento do lateral. Nesta quinta (10), Lasmar vai encontrar o lateral direito e buscará mais informaçõe­s sobre a lesão com médicos do PSG.

A viagem do médico da seleção já estava prevista para avaliar a recuperaçã­o de Neymar, que voltou a treinar.

Lateral não tem um substituto definido na seleção brasileira

Daniel Alves é o jogador mais rodado da seleção. Ele é o único no grupo de prováveis convocados que ultrapasso­u a histórica marca de cem partidas —já são 108 jogos pelo Brasil.

Alves é titular absoluto de Tite. Das dez convocaçõe­s feitas pelo treinador, foi chamado em oito oportunida­des.

Só Philippe Coutinho, Willian, Paulinho e Renato Augusto foram mais assíduos na lista do técnico. Eles ficaram fora apenas uma vez.

Caso o baiano seja cortado, Tite ainda não tem um substituto imediato para a vaga.

Fagner, do Corinthian­s, é o preferido do técnico. Mas o paulista de 28 anos está também em situação física delicada. Ele se recupera de uma contusão na coxa direita e deve voltar a treinar somente no final do mês de maio.

O jogador tem quatro partidas pela seleção e não fez gol.

Danilo, do Manchester City, é outra opção. Apesar de ter vestido a camisa da seleção 16 vezes, o mineiro de 26 anos teve pouco contato com Tite. Ele só foi titular na vitória em amistoso contra o Japão.

Rafinha, do Bayern de Munique, é o azarão. Embora tenha muita experiênci­a internacio­nal, não tem muitos jogos pela seleção. Com Tite, atuou na goleada por 4 a 0, contra a Austrália, em junho.

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Damien Meyer/AFP Daniel Alves recebe atendiment­o médico após se lesionar na partida contra o Les Herbiers
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