Luz e sombra
Membro da diretoria da ACTC-Casa do Coração, do Acaia Pantanal-Instituto Acaia, do conselho do Movimento Arredondar e do conselho do instituto SOS Pantanal
Os assassinatos de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, são um sintoma grave a nos mostrar que nossa sociedade está doente, e nossa democracia corre perigo. Quase dois meses já se passaram, e novas informações apontam para possíveis responsáveis por essa barbárie.
Eu sinto muito por sua filha, sua companheira e sua irmã. Sinto também pela esposa de Anderson e pelo bebê que perdeu seu pai.
A dimensão pessoal dessa tragédia cortou meu coração e me fez uma companheira à distância do sofrimento dessas pessoas.
Marielle, eu não a conhecia e não sabia de sua existência, mas me apaixonei pela sua foto estampada na capa de uma revista.
Olhos que sorriem junto com a boca e com todo o rosto, a faixa colorida na cabeça , o cabelo vigorosamente crespo.
Era uma mulher linda por dentro e por fora. A cara boa do Brasil, que beija e balança e tem no afeto sua força motriz.
O acesso à educação mudou a trajetória da vida de Marielle. Favelada, negra e homossexual, seu destino não teria sido o de vereadora eleita com 46 mil votos, não fosse o Ceasm (Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré), organização social voltada para a cultura e educação dos moradores da Maré.
A Constituição de 1988 abriu muitos espaços de participação para a sociedade civil, e assistimos, na década de 90, a um boom de organizações sociais sem fins lucrativos, voltadas ao atendimento nas áreas da educação, saúde e assistência social.
Por outro lado, o Estado brasileiro está destruído pela corrupção, essa fonte primária de nossas mazelas, inclusive da falta de segurança, que cria o ambiente propício para os crimes horrendos aos quais assistimos todos os dias.
Apesar dos sintomas de uma enfermidade grave, há sinais de reação e vitalidade.
Há algo de novo sob o sol do Brasil. Marielle Franco é a prova disso. Ela deixa um exemplo e um legado, apontando para um rumo: a luta pela dignidade humana nas várias formas em que essa luta se apresenta.
Quem mais sofre com a falta de segurança são os mais pobres. Eles não têm meios para se defender. Um em cada três cariocas já esteve no meio de um tiroteio. O Brasil tem mais de 4 vezes a taxa média de homicídios por 100 mil habitantes do mundo.
O Brasil democrático, distante dos extremismos violentos à direita e à esquerda (tétricas figuras dispostas a violar direitos humanos em prol de suas ideologias), eleva seus valores mais ao alto.
Hoje, muitos jovens se envolvem na política movidos pela consciência de que a via para a mudança reside nos Poderes Legislativo e Executivo. Vários movimentos apartidários da sociedade civil, como RAPS, Renova BR, CLP, Instituto Update, O Jogo da Política, Agora, Acredito, Nós, Brasil 21, entre outros, têm papel fundamental na formação dessas novas lideranças.
O tempo das mudanças de uma sociedade e de uma cultura não é o mesmo da vida de uma pessoa.
Nós não podemos subestimar a nossa capacidade de fazer parte de uma transformação só porque não viveremos para colher os seus frutos maduros.
Nestas eleições de 2018, pós e em plena Lava Jato, temos a chance de renovar as Assembleias Legislativas e o Congresso Nacional. Será um importante passo para a reconstrução de nosso país.
Nós, brasileiros, somos pela diversidade, pela tolerância, pela solidariedade, pela empatia. Nós somos da paz. O momento exige trabalho, resiliência e mãos à obra. Nesses novos rumos, Marielle estará presente como fonte permanente de inspiração e exemplo.
Foro privilegiado
Concordo com o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), e vou mais longe: entendo que ninguém deve ter foro especial (“Toffoli propõe ampliar a restrição do foro especial e Câmara instala comissão”, Poder, 10/5). Das autoridades, espera-se que tenham ética e discernimento para não cometer nenhum tipo de crime.
Edgar Candido Ferreira Ferreira (Marília, SP)
A ação do ministro merece aplauso, mesmo porque acreditar que o Congresso seja capaz de legislar sobre o tema equivale a acreditar em duendes e pote de ouro no final do arco-íris.
André Ricardo Oliveira Nogueira (São Paulo, SP)
Gostemos ou não do foro privilegiado, fato é que a alteração interpretativa abrupta, tal qual levada a efeito pelo STF, leva à insegurança jurídica. Não bastassem as dúvidas acerca do procedimento a ser adotado a partir de agora, a própria razão de ser do foro privilegiado não deixa calar questões como a fragilização da independência dos poderes.
Marcelo Reggiani (São Paulo, SP)
Ciro Gomes
O pré-candidato do PDT é o melhor entre todos os que se apresentaram por causa de sua experiência política e inteligência e por ter o nome limpo. Defeitos? Todos temos e ele não seria diferente. O problema é que as pessoas querem um santo para presidente e isso não existe (“Ciro paz-e-guerra”, de Roberto Dias, Opinião, 10/5).
Documento secreto
Como foi dito no texto sobre a participação de Ernesto Geisel em uma política de “execuções sumárias” na ditadura, não consta do documento qual foi a fonte das informações ali contidas. Em minha humilde opinião, se não há como comprovar as afirmações, elas não devem ser levadas a sério. No mais, cada um acredita no que quiser. Antonio Vieira de Araujo Sobrinho (Rio de Janeiro, RJ)
E muitos ainda apoiam a ideia de um militar para a Presidência da República.
Carlos Eduardo dos Santos Balasteghin
Trump e o Irã
Tempos sombrios desenhados no horizonte político depois de Donald Trump anunciar a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear que havia sido firmado com o Irã. Será que a espécie humana sobreviverá à petulância, à ignorância e ao complexo de inferioridade intelectual do presidente até o fim do mandato dele?
João Carmo Vendramim (Campinas, SP)
Pode-se gostar ou não de Donald Trump (eu pessoalmente não gosto), mas ele não fez o que a Dilma Rousseff fez —dizer uma coisa antes das eleições e fazer o contrário após ser eleita. Ele está fazendo o que prometeu na campanha e, portanto, se há alguém que deve ser criticado, não é ele, mas sim quem o elegeu.
(São Paulo, SP)
Folha