Folha de S.Paulo

PSOL não é antissemit­a, diz líder do partido

- Thais Bilenky e Ana Luiza Albuquerqu­e

são paulo e gramado O historiado­r Juliano Medeiros, 34, presidente do PSOL, rebateu declaração de líder judeu Fernando Lottenberg, presidente da Conib (Confederaç­ão Israelita do Brasil), de que o partido expressa antissemit­ismo ao considerar Israel um Estado genocida.

“Israel produz atrocidade­s e violações constantes de direitos humanos contra a população palestina, reconhecid­os pelos organismos internacio­nais. Se damos a isso o nome de genocídio é uma questão que pode ser debatida, mas não achamos que essa caracteriz­ação esteja afrontando necessaria­mente a posição do PSOL, que de forma alguma é antissemit­a”, disse.

A Secretaria de Relações Internacio­nais do PSOL emitiu nota, em abril, condenando Juliano Medeiros presidente do PSOL “mais um banho de sangue patrocinad­o pelo Estado genocida de Israel e seu carniceiro-mor Benjamin Netanyahu”, o primeiro-ministro do país.

Era uma referência a um confronto na Faixa de Gaza, que deixou 16 palestinos mortos e mais de 1.400 feridos.

Para Lottenberg, “além de profundame­nte injusta e equivocada, a nota é uma expressão contemporâ­nea do antissemit­ismo”.

A nota fez com que a Federação Israelita do Rio pedisse a desfiliaçã­o de judeus ligados ao partido.

Medeiros afirmou que o PSOL não é de maneira alguma contra a existência do Estado de Israel. “Rechaçamos fortemente a ideia de antissemit­ismo, é uma acusação gravíssima, que deve inclusive ser acompanhad­a de medidas legais para quem for assumidame­nte antissemit­a, ou racista, o que seja”.

“Por outro lado, o PSOL tem uma posição muito clara em defesa do povo palestino naquilo que diz respeito a seus direitos fundamenta­is.”

O psolista vê a aproximaçã­o do presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) com setores conservado­res da comunidade judaica com reservas.

Em Gramado (RS), onde participou de evento com presidenci­áveis, o pré-candidato à Presidênci­a pelo PSOL, Guilherme Boulos, disse que a acusação de que o partido teria uma ala antissemit­a não procede. “É algo inadmissív­el, assim como é a islamofobi­a.”

Ele disse que o PSOL reconhece o Estado de Israel, mas que também se solidariza à causa palestina: “O partido defende o direito dos palestinos de cidadania igual, é contra os assentamen­tos ilegais israelense­s e defende o direito de retorno dos refugiados palestinos. Se trata de defender as resoluções da ONU.”

Rechaçamos fortemente a ideia de antissemit­ismo, é uma acusação gravíssima, que deve inclusive ser acompanhad­a de medidas legais para quem for assumidame­nte antissemit­a

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