EUA e Coreia do Norte marcam reunião inédita para 12 de junho, em Cingapura
Cidade-Estado é escolhida por infraestrutura de segurança e boas relações com Washington e Pyongyang
washington O encontro histórico entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o ditador norte-coreano, Kim Jongun, acontecerá no dia 12 de junho, em Cingapura, anunciou o americano nesta quinta-feira (10).
Será a primeira reunião entre um mandatário americano e um líder da Coreia do Norte. Tecnicamente, os dois países estão em guerra, porque a Guerra da Coreia foi interrompida em 1953 por um armistício, e não um tratado de paz.
Ao anunciar os detalhes do encontro em rede social, Trump disse: “Nós dois tentaremos fazer com que esse seja um momento muito especial para a paz mundial!”.
O presidente americano havia dito que preferia que a conversa acontecesse na Zona Desmilitarizada das Coreias, que divide os dois países, onde Kim recentemente se encontrou com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.
Assessores de Trump, no entanto, optaram pela pequena nação de Cingapura, no Sudeste Asiático, que tem uma boa infraestrutura de segurança e experiência na organização de eventos internacionais de alto nível (leia mais em quadro no alto desta página).
Para Kim, Cingapura também é uma opção adequada, pois Pyongyang mantém relações diplomáticas saudáveis com a cidade-Estado — cuja administração exerce rígido controle sobre imprensa e aglomerações públicas.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, foi duas vezes à Coreia do Norte, no final de abril e nesta semana. Ele voltou aos EUA na madrugada desta quinta com três americanos recém-soltos pela ditadura comunista.
Kim Dong-chul, Tony Kim e Kim Hak-song —todos de ascendência coreana, mas sem parentesco com o ditador norte-coreano— foram recebidos por Trump e pela primeira-dama, Melania, na base aérea de Andrews, perto de Washington.
O casal presidencial subiu a bordo do avião assim que ele pousou, às 2h40 locais (3h40 no horário de Brasília). Trump ficou por cinco minutos dentro da aeronave antes de sair acompanhado dos três.
A detenção dos americanos era um ponto de tensão entre Pyongyang e Washington, especialmente depois do episódio envolvendo o jovem americano Otto Warmbier.
Detido sob a acusação de tentar roubar um pôster durante viagem ao país e con- denado a 15 anos de trabalhos forçados, ele estava em coma quando foi devolvido aos EUA, em junho do ano passado, e morreu apenas alguns dias depois. Seus pais mais tarde contariam que, ao ser repatriado, Warmbier estava cego, surdo e tinha os dentes quebrados, resultado de tortura sistemática, segundo eles.
Os três americanos que regressaram na quinta foram detidos em momentos distintos dos últimos três anos, acusados de espionagem ou de “atos hostis” na Coreia do Norte. Eles chegaram aparentemente em bom estado de saúde, mas foram levados a um hospital militar para serem avaliados.
“Eu fui tratado de diversas maneiras, mas, de modo geral, tive de fazer muito trabalho forçado e, quando ficava doente, recebia algum tratamento”, disse Kim Dong-chul.
Não se sabe quando eles serão liberados do hospital ou irão se reunir com suas famílias. Em um comunicado conjunto divulgado na quarta (9), eles agradeceram a Trump e a Pompeo.
A libertação foi a maior vitória simbólica de Trump desde que ele voltou a negociar com Pyongyang, no início deste ano.
Em um gesto pouco comum, Trump e Melania deixaram a Casa Branca no meio da madrugada para receber o grupo. “Acho que vocês quebraram o recorde de audiência da história da televisão às 3h”, disse o presidente aos jornalistas que acompanhavam a recepção.
“Francamente, não achávamos que isso fosse acontecer, mas aconteceu”, disse o presidente no aeroporto.
O americano também agradeceu a Kim. “Estamos começando com o pé direito. É maravilhoso que eles tenham soltado o pessoal logo”, afirmou.
Trump disse acreditar que o ditador queira incluir a Coreia do Norte “no mundo real” e afirmou estar esperançoso de que o encontro entre eles renda frutos:
“Creio que temos uma grande chance de fazer algo muito significativo. Meu maior orgulho, e a libertação é parte disso, será quando conseguirmos desnuclearizar toda a península [Coreana]”.
A Coreia do Sul disse nesta quinta ter grandes expectativas em relação à cúpula: “Esperamos que saiam desse encontro a desnuclearização e a paz permanente na península Coreana”.
A aproximação entre Estados Unidos e Coreia do Norte teve início depois de seus líderes respectivos passarem boa parte de 2017 trocando insultos e de Kim patrocinar testes nucleares e de mísseis.
O norte-coreano anunciou recentemente que deixaria de realizar tais atividades e que abandonaria seu local de testes atômicos.