Israel bombardeia alvos iranianos na Síria em resposta a ataque de Teerã
Maior ação israelense no país vizinho em 44 anos deixa 23 mortos e é criticada por líderes europeus e ONU
telaviv,jerusalémebeirute O governo israelense anunciou nesta quinta-feira (10) ter bombardeado dezenas de alvos iranianos na Síria em represália a disparos de foguetes feitos por Teerã contra território controlado por Israel nas colinas de Golã.
Os ataques noturnos mataram 23 combatentes (cinco soldados sírios e 18 membros das forças aliadas ao regime), informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, ONG com sede no Reino Unido. Os mísseis atingiram a capital Damasco e Homs, no oeste do país, mas não há detalhes da situação nas duas cidades.
Segundo uma fonte do aparato de segurança israelense, trata-se do maior ataque conduzido por Israel na Síria em 44 anos, desde que os dois países assinaram um tratado de distensão após a Guerra do Yom Kippur (1973).
Para o porta-voz militar de Israel, tenente-coronel Jonathan Conricus, a ação foi uma mensagem clara de Israel a Teerã: desista de atacar a partir da Síria.
“É preciso olhar para isso sob a perspectiva de que os iranianos estão a 1.600 km da fronteira deles, se estabelecendo num país que não é o deles e espalhando capacidades militares hostis para ameaçar o Estado de Israel. Estamos nos defendendo na medida certa”, afirmou à Folha.
Segundo Conricus, os alvos do bombardeio foram os locais de onde, horas antes, as forças iranianas tinham disparado cerca de 20 foguetes contra bases israelenses nas colinas de Golã —região anexada pelos israelenses em 1981 que é reivindicada por Damasco.
Para o tenente-coronel, é possível que haja mais confrontos entre Israel e Irã na fronteira síria. Os iranianos teriam que conter as ambições de Qasem Soleimani, comandante da Força Quds, braço armado da Guarda Revolucionária no exterior.
Soleimani estaria determinado a atacar Israel diretamente, e não por meio de terceiros, como a milícia libanesa Hizbullah e o grupo radical palestino Hamas.
De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, aliada do ditador Bashar al-Assad e de Teerã, o Exército israelense utilizou 28 aviões e dis- Bandeira israelense nas colinas de Golã, região na fronteira síria anexada por Israel e alvo de bombardeios do Irã Israel e Irã fazem bombardeios dos países.
parou 70 mísseis contra posições iranianas na Síria. Moscou disse que metade dos foguetes foi abatida pelo sistema de defesa antiaéreo. Teerã não comentou o caso.
O aumento da tensão entre Israel e Irã acontece após o presidente americano, Donald Trump, anunciar na terça-feira (8) que seu país vai deixar o acordo nuclear com Teerã e vai restaurar as sanções contra a economia iraniana, movimento que tem o apoio do governo israelense.
No mesmo dia, bases iranianas foram bombardeadas na Síria, matando 15 militares. O regime iraniano atribuiu o ataque a Israel.
Nesta quinta, o governo Trump disse que apoia o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e voltou a criticar o Irã. Em nota, a Casa Branca chamou atenção para o “direito de autodefesa de Israel”.
O ataque em Golã foi “só mais uma demonstração de que o regime iraniano não é confiável e outro bom lembrete de que o presidente tomou a decisão certa de sair do acordo com o Irã”, disse a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, à rede Fox News.
Já a Rússia pediu um diálogo
entre os dois países. “Isso é uma tendência muito preocupante. Nós partimos do fato de que todos os problemas devem ser solucionados por meio do diálogo”, afirmou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu uma “desescalada”, enquanto o governo da Alemanha disse que o ataque nas colinas de Golã foi uma grave provocação do Irã.
“A escalada das últimas horas nos mostra que se trata realmente de uma questão de guerra ou paz”, advertiu a chanceler alemã, Angela Merkel.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu, em comunicado, “um cessar imediato dos atos hostis e de provocação” no Oriente Médio.
No texto, Guterres exigiu também que o Conselho de Segurança da entidade monitore de perto o caso sírio para conduzir a uma solução política sob a carta da ONU.
Nesta quinta, porém, nenhum dos 15 países-membros do conselho parecia disposto a pedir uma reunião urgente sobre a escalada militar.
Comércio entre Brasil e Irã
O país persa está na 21ª posição no ranking de exportações brasileiras
Exportações* Importações* Balança comercial* Exportações ano a ano, em US$ bilhões 1,84 2,33