Folha de S.Paulo

Exportador­es brasileiro­s recebem com preocupaçã­o retomada de sanções

- -Carolina Vila-Nova e Álvaro Fagundes

são paulo O retorno das sanções econômicas dos EUA contra o Irã gerou preocupaçã­o e pessimismo em parte de exportador­es brasileiro­s.

Para Antonio Camardelli, presidente da Abiec (associação dos exportador­es de carne bovina), o momento é de muita incerteza e preocupaçã­o.

“A notícia não é boa porque nos remete às dificuldad­es que havia antes do acordo de 2015”, diz o executivo.

O Irã foi o terceiro maior mercado para a carne brasileira em 2017, só atrás de China e Hong Kong, com US$ 559 milhões.

Jorge Mortean, chefe de negócios internacio­nais da Mercator Business Intelligen­tsia, lembra que os bancos centrais de Brasil e Irã negociavam um acordo para que suas transações bancárias fossem diretas e em moeda local.

“Esse anúncio é um balde de água fria nesse processo. A triangulaç­ão financeira encarece as transações e é a principal trava para o desenvolvi­mento da balança comercial.”

A Embraer, que mantinha conversas com companhias aéreas iranianas sobre a venda de aeronaves, informou que “cumprirá rigorosame­nte as diretrizes e orientaçõe­s do OFAC em assuntos relacionad­os a quaisquer atividades no Irã”. “A Embraer não tem vendas em carteira para empresas aéreas no Irã.”

A referência é ao Escritório de Controle de Ativos Estrangeir­os, agência do Departamen­to de Tesouro dos EUA que administra sanções econômicas e de comércio e emite licenças, “em apoio aos objetivos de segurança nacional e política externa dos EUA”.

Caso a Embraer faça acordo com a Boeing, esse será outro complicado­r, afirma Thomaz Zanotto, diretor de relações internacio­nais e comércio exterior da Fiesp.

Já no caso do milho, principal item exportado para os iranianos, a expectativ­a é que a decisão americana seja um novo estímulo para os preços do produto, que já estão em alta, segundo Leonardo Sologuren, sócio-diretor da consultori­a Horizon Company.

No ano passado, 17% do milho exportado pelo Brasil (US$ 783 milhões) teve como destino o mercado persa. No caso da soja, foram 79%, o equivalent­e a US$ 20,3 bilhões.

Zanotto disse não esperar que dificuldad­es como transporte ou garantias bancárias sejam empecilhos. “Não é a primeira vez que o Irã está sob sanções, e o Brasil já vendia esses produtos para lá”, disse.

“O que vendemos são commoditie­s muito básicas e podemos usar tradings europeias para fazer a transação, e transporte com empresas que não sejam americanas.” 2007 18% Soja

31% Milho em grãos 22% Carne Principais produtos de exportação* 29% Semifatura­dos de ferro e aço

53% Ureia

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