Argentina inicia negociações para ter ajuda do FMI
washington A diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, afirmou nesta quintafeira (10) que a instituição está “preparada para seguir respaldando” o governo da Argentina. Lagarde encontrouse com o ministro da Fazenda argentino, Nicolás Dujovne, que negocia um empréstimo do fundo para o país —o primeiro em 15 anos.
Numa reunião em Washington, eles concordaram em trabalhar por um financiamento do tipo “stand-by”, clássico socorro do FMI a países com dificuldades econômicas.
Os valores não foram acertados: as negociações continuam em andamento e devem durar algumas semanas. O financiamento também precisa ser aprovado pela diretoria do FMI.
Para Dujovne, a modalidade stand-by tem “a flexibilidade necessária para cumprir o objetivo” do governo, de fortalecer a liquidez da economia.
A Argentina passa por uma crise cambial, com forte desvalorização do peso, além de conviver com uma inflação na casa dos 20% e um rombo nas contas públicas. Para Lagarde, é um quadro de “renovada e significativa volatilidade no mercado financeiro”.
Um empréstimo do tipo stand-by de acesso elevado, como o negociado pela Argentina, pode atingir um montante significativo, muito acima da cota do país no FMI, que é de US$ 4,5 bilhões.
Lagarde afirmou, em nota, que as atuais reformas econômicas conduzidas pelo governo do presidente Mauricio Macri são “importantes” e declarou seu “forte apoio” às medidas.
Câmara do país vota contra novo aumento nas tarifas
buenos aires Em meio a duras críticas ao pedido de ajuda do governo argentino ao FMI, a Câmara de Deputados do país, de maioria opositora, não aprovou um aumento de tarifa solicitado pelo governo Macri.
Tecnicamente, aprovou o que se chama de meia-sanção —significa que rechaçou a legislação que passa agora ao Senado, também opositor.
Os chamados “tarifaços” têm sido realizados pelo governo desde que Macri assumiu a Presidência em 2015, para cortar gastos sociais, retirando gradualmente os generosos subsídios do kirchnerismo (2003-2015). São, porém, altamente impopulares.
A votação da última madrugada ocorreu em meio a protestos do lado de fora do Congresso. A oposição saiu vencedora, por 133 votos contra 94, e rejeitou o aumento que chegaria a 40% em tarifas de gás, eletricidade e luz.
A tensão agora se volta para o Executivo, pois Macri já indicou que vetará o projeto, mesmo se for aprovado pelas duas câmaras.
Se isso ocorrer, a tensão entre Executivo e Congresso tende a se elevar, tendo havido, nas últimas semanas, o abandono da aliança governista Cambiemos de parte dos deputados da União Cívica Radical, principal partido da base de apoio de Macri.
A pressão do lado de fora do Congresso se estendeu durante a noite, e apoiadores dos partidos de esquerda preparam novos atos se Macri vetar a lei de aumentos.
Algo parecido aconteceu no primeiro tarifaço, em 2016, quando o caso foi levado à Suprema Corte do país, e o governo teve de baixar o teto do aumento pretendido, que chagava a quase 1000% em alguns casos.