Preços monitorados sobem 7 vezes mais que os livres
rio de janeiro A alta dos combustíveis, da energia e dos planos de saúde fez a inflação dos preços monitorados, aqueles que são administrados pelo governo, disparar no último ano, enquanto grande parte dos outros produtos e serviços mantém estabilidade ou até deflação.
Segundo dados do IBGE, a inflação dos monitorados acumula 8,36% no período de 12 meses encerrado em abril, quase o dobro da meta oficial de inflação do governo, de 4,5%. Já os preços livres subiram apenas 0,98% no período.
Em abril, reajustes nos preços dos remédios —que também são considerados monitorados— pressionaram o IPCA, o índice oficial de inflação, que fechou o mês em 0,22%, ante o 0,09% verificado em março.
Em 12 meses, a inflação ficou em 2,76%, ainda abaixo do piso da meta de inflação, que é de 3%, devido ao efeito da safra nos preços dos alimentos e ao baixo dinamismo do comércio e dos serviços.
No mês, os preços administrados subiram 0,60%, e os livres, apenas 0,09%. Levantamento feito pela LCA Consultores mostra que os preços não controlados pelo governo chegaram a cair em 5 dos últimos 12 meses.
Entre os administrados, a maior pressão nos últimos 12 meses vem da gasolina, que acumula 17,95%. Planos de saúde (13,51%), gás de botijão (12,54%) e óleo diesel (12,47%) também deram grande contribuição. A conta de luz subiu 9,45% no período.
A Petrobras defende que os preços dos combustíveis não são mais controlados pelo governo e refletem as cotações internacionais, mas parte da alta é explicada pelo aumento de impostos federais e estaduais.
No caso da gasolina, por exemplo, a elevação da carga tributária respondeu por cerca de 2/3 do aumento do preço nas bombas no último ano.
A alta dos preços monitorados aumenta a percepção de inflação para o consumidor, já que são itens que geralmente não podem ser substituídos, como energia elétrica, combustíveis e transporte público.
E tem potencial para pressionar o índice geral, o que não vem ocorrendo neste momento pela dificuldade de repasses ao consumidor, que sofre com a crise do mercado de trabalho.
“Normalmente, a alta dos monitorados é repassada, pois são insumos para a produção e impactam no custo do frete. Mas a ociosidade da indústria e a baixa atividade econômica hoje não permitem repasses”, afirma o economista da LCA Fábio Romão.
Os dados do IBGE mostram que prestadores do setor de serviços também têm dificuldades de repassar custo: a inflação acumulada do setor em 12 meses ainda está acima do IPCA, em 3,46%, mas vem desacelerando há oito meses.
O custo para comer fora de casa, por exemplo, teve queda de 0,22% em abril, provocada por promoções e realinhamentos de preço para atrair consumidores.
A escalada do dólar ainda não chegou aos índices de inflação, segundo o gerente da pesquisa de preços do IBGE, Fernando Gonçalves. E a expectativa é que demore a chegar, também por causa da dificuldade que a indústria encontra para repassar aumentos.
Nas últimas semanas, analistas interromperam um ciclo de queda em projeções de inflação para 2018 —a média do mercado, segundo o mais recente Boletim Focus, do Banco Central, prevê que o IPCA feche o ano em 3,49%.
Romão, da LCA, não acredita, no entanto, que as estimativas passem a subir. “Quando se olha a fundo o IPCA, vê-se que muitos itens ainda estão com inflação muito baixa”, diz.
Os baixos preços dos alimentos também devem continuar ajudando a segurar o índice. “Repetindo uma boa safra como a do ano passado, os alimentos vão contribuir para segurar o custo de vida das famílias”, comentou Gonçalves. Preços monitorados sobem bem acima da inflação 4,4 3,6 mai.17 8,3%
Gasolina e planos de saúde lideram entre as principais altas (acumulado em 12 meses)
Gasolina Plano de saúde Gás de botijão Óleo diesel Correio Monitorados IPCA 13,5 12,5 12,5 12,1 abr.18
18%