Folha de S.Paulo

Após 4 anos, Petrobras supera Ambev e volta a ser a empresa mais valiosa da AL

Sob impulso do petróleo e de balanço favorável, estatal alcança R$ 358,9 bilhões de valor de mercado

- -Nicola Pamplona e Danielle Brant

rio de janeiro e são paulo Os quatro dias de forte valorizaçã­o das ações da Petrobras fizeram a petrolífer­a retomar o posto de mais valiosa da América Latina, desbancand­o a Ambev, que ocupava a posição desde outubro de 2014.

Impulsiona­da pela valorizaçã­o do petróleo nos últimos dias, a petrolífer­a atingiu R$ 358,9 bilhões em valor de mercado, enquanto a gigante de bebidas fechou o dia com R$ 342,6 bilhões.

Somente nas últimas quatro sessões, a estatal ganhou R$ 56,3 bilhões em valor de mercado. Um dos fatores que explicam a alta é o aumento da cotação do petróleo no exterior, em especial após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar a saída do acordo nuclear com o Irã.

O anúncio fez o barril do Brent, negociado em Londres e referência internacio­nal, atingir US$ 77. Mas o re- Petroleira supera Ambev em valor de mercado Valor de mercado é o preço da ação multiplica­do pela quantidade de papéis existentes

sultado da estatal no primeiro trimestre também agradou aos investidor­es. A Petrobras teve alta de 56,4% no lucro no período, para R$ 6,96 bilhões, e voltou a distribuir juros sobre capital próprio aos acionistas, o que não ocorria desde abril de 2014.

Por outro lado, a Ambev fechou em baixa pelo segundo dia nesta sessão. A gigante Ambev Petrobras

de bebidas viu seu lucro subir 13,4% no primeiro trimestre, para R$ 2,598 bilhões, mas os resultados no Brasil foram considerad­os fracos.

“Tem essa explosão do petróleo, então as ações sobem por reflexo do petróleo e do balanço. A venda de ativos da empresa segue em curso, é um cenário favorável”, diz Rafael Passos, analista da Guide Investimen­tos. 8.mai.2018

Em relatório, o banco UBS disse que a Petrobras está sendo negociada com um “desconto significat­ivo” em comparação com seus principais concorrent­es.

Segundo o banco, consideran­do a relação valor de mercado sobre o ebitda [capacidade de geração de caixa da companhia], o desconto estaria entre 25% e 45%, o que o UBS considera muito elevado.

O banco situa a companhia como uma das mais expostas a esse cenário de alta do petróleo na América Latina, ao lado da colombiana Ecopetrol e da argentina YPF.

Apesar de voltar ao topo da Bolsa, a estatal ainda está longe do patamar atingido em 2008, quando chegou a valer mais de R$ 500 bilhões, em valores da época.

No início do governo Dilma Rousseff, em 2010, a empresa valia R$ 380,2 bilhões. A partir daí, diante da insatisfaç­ão dos investidor­es com a gestão da companhia, iniciou uma trajetória de queda que culminou com a perda da liderança para a Ambev em 2012.

Em 2014, durante o período eleitoral, a Petrobras chegou a assumir a ponta novamente, mas despencou após a reeleição de Dilma e chegou a ficar atrás do Itaú Unibanco por cerca de dois anos. Em 2018, as ações da estatal acumulam alta de 60%.

 ?? Charles Rex Arbogast/Associated Press ??
Charles Rex Arbogast/Associated Press

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil