Folha de S.Paulo

EUA dizem que Brasil será líder mundial da produção de soja

Projeção do Departamen­to de Agricultur­a americano é para a próxima safra

- -Mauro Zafalon

são paulo O Brasil passa a liderar a produção mundial de soja a partir da próxima safra. No período entre o final deste ano e o início de 2019, o país deverá desbancar os EUA, até então os líderes mundiais na produção do grão.

A projeção, do próprio governo americano, foi divulgada na tarde desta quinta-feira (10) pelo Usda (sigla em inglês para Departamen­to de Agricultur­a dos Estados Unidos). É a primeira vez que o órgão prevê o Brasil na liderança.

Na avaliação do órgão, um dos mais conceituad­os na área de projeções agrícolas, o Brasil deverá obter produção de 117 milhões de toneladas de soja, pouco acima dos 116,5 milhões previstos para a colheita dos americanos.

Os produtores dos Estados Unidos já iniciaram o plantio da safra entre 2018 e 2019. Os brasileiro­s vão levar as máquinas ao campo só no segundo semestre do ano.

Clima e produtivid­ade são fundamenta­is para a concretiza­ção dessa estimativa de liderança do Brasil. As previsões ainda vão alternar muito durante o desenvolvi­mento das lavouras.

Se o país conseguir de fato superar os americanos, a soja brasileira se somará a uma lista de outros produtos em que o Brasil tem a liderança —café, suco de laranja, açúcar e carne bovina.

O Brasil já é o maior exportador de soja do mundo, graças ao apetite do mercado chinês. Na safra entre 2018 e 2019, os chineses deverão importar 103 milhões de toneladas de soja e os brasileiro­s vão exportar 72 milhões.

Brasil, Estados Unidos e Argentina, líderes mundiais, ainda precisam definir as áreas de plantio da oleaginosa, mas, com base nos dados atuais, já é possível estimar que a safra mundial de ficar na casa de 354,5 milhões de toneladas de soja, acima dos 337 milhões colhidos entre 2017 e o início deste ano.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecime­nto)também divulgou dados sobre a produção de soja no Brasil nesta quinta. Na avaliação do órgão governamen­tal, a produção nacional será de 117 milhões nesta safra, 2 milhões a mais do que estava previsto em abril último.

Colheita de laranja será menor nos principais produtores

Os produtores de laranja da Flórida, segundo maior mercado mundial da fruta para industrial­ização, devem colher apenas 44,95 milhões de caixas (40,8 quilos cada uma).

As estimativa­s também foram divulgadas nesta quintafeir­a pelo Usda. Se confirmado, esse volume ficará 35% inferior ao da safra anterior, entre 2016 e 2017 e 45% abaixo do de 2015 e 2016.

A queda abrupta na produção dos americanos nos dois últimos anos ocorreu devido a doenças nos laranjais, principalm­ente o greening, clima desfavoráv­el e furações.

O Fundecitru­s divulgou na quarta que a produção do principal cinturão citrícola brasileiro —em São Paulo e Triângulo Mineiro— será de apenas 289 milhões de caixas, 100 milhões abaixo do volume da safra anterior.

O mercado esperava pelo menos 300 milhões de caixas para o Brasil e 60 milhões de caixas para Estados Unidos.

O mercado mundial não está acostumado a produções tão reduzidas, o que poderá levar o setor a manter estoques baixos de suco. Se isso ocorrer, o produtor e a indústria vão produzir menos e manter a renda, enquanto o consumidor vai continuar pagando mais pelo suco.

As perspectiv­as finais de fabricação de suco no Brasil, líder mundial em produção e em exportação, não são boas. Dos 289 milhões de caixas estimados pelo Fundecitru­s, 239 milhões para a industrial­ização.

HLEIA MAIS NO VAIVÉM DAS COMMODITIE­S folha.com/vaivem Produção de etanol bate recorde

Mais vantajoso financeira­mente às usinas, o etanol bateu recorde de produção na segunda quinzena de abril no centro-sul do país

Cana usada para produzir: Açúcar Etanol 41,56% 58,44 2017 2018

Produção nas usinas* 2017/18 2018/19

Açúcar 1,84 Etanol anidro 496 Etanol hidratado 2,16

1,18 2,24 567 34,27 65,73 +21,63% +14,22%

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