Folha de S.Paulo

Ofensiva de Trump fecha gigante tech da China

ZTE suspende atividades após EUA a proibirem de usar componente­s americanos por fazer negócios com Irã e Coreia do Norte

- New York Times; tradução de Paulo Migliacci

shenzhen Não a Apple. Não a Huawei. A primeira baixa na guerra fria da alta tecnologia entre EUA e China talvez venha a ser a maior fabricante de eletrônico­s da qual você nunca ouviu falar.

A chinesa ZTE anunciou na quarta (9) que suspendera suas “atividades operaciona­is importante­s”, depois que o governo Trump a proibiu, em abril, de usar componente­s fabricados nos EUA. Com a produção suspensa na fábrica da ZTE em Shenzhen, os operários vêm sendo chamados para sessões de treinament­o, a intervalos de cerca de dois dias. No restante de sua jornada de trabalho, eles ficam ociosos em seus alojamento­s.

As transações com ações estão suspensas há semanas. Executivos foram instruídos a reassegura­r os clientes ansiosos, mas ao mesmo tempo evitar discutir com eles a tecnologia americana que a empresa está proibida de usar pelos próximos sete anos.

Uma das mais bem-sucedidas entre as empresas chinesas de tecnologia, com receita anual de US$ 17 bilhões (R$ 60 bilhões), a ZTE está diante de uma sentença de morte. O Departamen­to do Comércio americano bloqueou seu acesso a componente­s fabricados nos EUA até 2025, afirmando que a empresa não puniu empregados que violaram os controles de comércio com o Irã e a Coreia do Norte.

A empresa tem 75 mil funcionári­os e faz negócios em mais de 160 países. É a quarta maior vendedora de smartphone­s nos EUA. Seus equipament­os de telecomuni­cações são parte da espinha dorsal da comunicaçã­o digital de muitos países em desenvolvi­mento.

Os EUA há anos classifica­m a ZTE e a Huawei, uma rival muito maior no ramo de equipament­o para redes de telecomuni­cações, de representa­r ameaça à segurança nacional americana. As grandes operadoras americanas de telefonia móvel já rejeitam os equipament­os produzidos pelas duas companhias chinesas.

Em resposta às sanções divulgadas no mês passado, a ZTE anunciou estar trabalhand­o para cumprir melhor as normas. Requisitou suspensão da proibição de exportaçõe­s e enviou informaçõe­s adicionais ao Departamen­to do Comércio americano em apoio aos seus argumentos.

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