Folha de S.Paulo

Prefeito do PSDB admite caixa dois para justificar os R$ 4,6 mi em sua casa

- -Klaus Richmond Com Agora

santos Preso pela Polícia Federal, o prefeito de Mongaguá (litoral de São Paulo), Artur Parada Prócida (PSDB), atribuiu a sobras da campanha eleitoral e a uma herança deixada por seu pai a quantia equivalent­e a mais de R$ 5 milhões apreendida em sua casa na quarta (9).

Prócida foi detido em flagrante, durante a Operação Prato Feito, por suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. A investigaç­ão da PF apura desvios no fornecimen­to de merenda escolar para prefeitura­s.

O prefeito guardava moeda brasileira e estrangeir­a em espécie —R$ 4,6 milhões (que ele atribui ao período eleitoral) e US$ 216 mil.

“Os dólares são de uma doação, uma herança de seu pai, e os valores são de sobras de campanha. Ele assume, sim, irregulari­dades que podem até levar a um crime eleitoral porque existem numerários não contabiliz­ados”, afirmou o advogado Eugênio Malavasi.

Na última eleição, em 2016, Prócida declarou patrimônio de R$ 3,6 milhões. Segundo sua prestação de contas, gastou R$ 83 mil na campanha e recebeu mais de R$ 38 mil em doações. O prefeito teve o pedido de liberdade provisória negado pela Justiça Federal nesta quinta (10).

O Diretório Estadual do PSDB afirmou que Prócida e seu vice, Márcio Cabeça, tiveram as filiações suspensas.

No âmbito da mesma operação, Carlos Roberto Maciel (PSDB) é acusado pela polícia de operar, com o genro Fábio Favaretto, parte do esquema ligado à merenda.

Ele era, até quarta, secretário da Coordenado­ria de Assuntos Governamen­tais de São Bernardo do Campo, na gestão Orlando Morando (PSDB). Maciel pediu demissão após a revelação do caso.

Junto com Favoretto, ele também é acusado de irregulari­dades em Mauá e Itaquaquec­etuba (Grande SP). Segundo a PF, as empresas envolvidas no caso firmaram contratos de R$ 120 milhões com mais de 17 prefeitura­s.

Em conversa gravada, Favaretto afirma que pagou uma viagem do ex-prefeito de Mauá Donisete Braga (então no PT, hoje no Pros) para a Disney, nos EUA.

O atual prefeito da cidade, Átila Jacomussi (PSB), é citado em outro núcleo da investigaç­ão. Assessores dele, inclusive o secretário de Governo João Eduardo Gaspar (PCdoB), teriam recebido dinheiro de um empresário para fraudar licitações.

Gaspar é acusado também de intermedia­r a relação de empresário­s com prefeitos de São Sebastião e Peruíbe. Na casa de Jacomussi foram encontrado­s R$ 87 mil e na de Gaspar, R$ 588 mil.

A PF aponta que o esquema incluía ainda lobby para a compra de livros e de remédios na gestão Rubens Furlan (PSDB), em Barueri (Grande São Paulo). O mesmo lobista se apresentav­a como intermediá­rio do secretário de Educação de Cubatão.

A Prefeitura de Mauá, na gestão Átila Jacomussi, afirmou que o dinheiro encontrado na casa dele é do “salário, aluguéis de imóveis da família e pensão de seu filho” e foi declarado ao Imposto de Renda. O ex-prefeito Donisete Braga afirma que vai provar que viajou aos EUA com recursos próprios.

A Prefeitura de Barueri diz que “não tem conhecimen­to de nenhum fato relacionad­o” a práticas lobistas. A de São Bernardo diz que os contratos com a empresa de Fábio Favaretto foram assinados na gestão anterior e que os “culpados” devem “pagar com o rigor da Justiça”. O exsecretár­io Maciel, que também é advogado de Favaretto, não foi encontrado.

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