Folha de S.Paulo

Por Olimpíada, surfista havaiana defende Brasil

- Sheila Vieira

são paulo No surfe, atletas do Havaí representa­m a bandeira da ilha americana na WSL (Liga Mundial de Surfe), o circuito mundial da modalidade. Mas a brecha não será aceita nos torneios classifica­tórios para a Olimpíada de 2020, em Tóquio. Havaianos terão que surfar pelos Estados Unidos ou por uma outra nacionalid­ade.

Nascida em Porto Alegre e filha de pai inglês e mãe brasileira, Tatiana Weston-Webb vive no Havaí desde os dois anos de idade. Porém, o sonho olímpico motivou a surfista de 22 anos, quarta colocada no circuito, a disputar uma das quatro vagas (dois homens e duas mulheres) que o Brasil deve ter nos Jogos.

Weston-Webb representa­rá o Brasil pela primeira vez em Saquarema, na etapa do rio do Campeonato Mundial, que começa nesta sexta (11).

“Estou feliz com a minha escolha. É uma decisão muito grande na minha vida, mas eu acho que fui para o lado certo”, afirmou Weston-Webb, em português fluente, mas com certo sotaque havaiano.

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou que ajudará financeira­mente uma equipe feminina de surfe durante a preparação para Tóquio, formada por WestonWebb, pela duas vezes vicecampeã mundial Silvana Lima e pela catarinens­e Tainá Hinckel. No entanto, apenas duas delas poderão ir a Tóquio, se atenderem aos critérios de classifica­ção.

“Meu sonho é estar na Olimpíada, então vou disputar as vagas com a Silvana e com a Tainá, que estão surfando demais, e possivelme­nte com outras brasileira­s também”, disse Weston-Webb.

Na etapa do Rio, Silvana Lima e Taís Almeida são as outras duas brasileira­s inscritas. Tatiana Weston-Webb surfista havaiana e brasileira

Entre os homens, o potiguar Ítalo Ferreira disputará pela primeira vez um evento como um dos líderes do circuito, junto ao australian­o Julian Wilson, após vencer a etapa de Bells Beach, na Austrália, em abril.

“Não fico pensando que estou nessa posição. Eu me vejo como se estivesse atrás, para permanecer focado e não me acomodar. Às vezes, você pode relaxar após uma vitória, mas esse é o momento que tem que trabalhar mais duro”, disse Ferreira à Folha.

A vitória na Austrália, primeira da carreira de Ferreira na primeira divisão do surfe mundial, também foi marcada pelo triunfo na bateria final diante do australian­o Mick Fanning, tricampeão mundial, que se aposentou após a competição.

“Cresci vendo os filmes dele e sempre me inspirei nele. Eu nem acreditei que tinha vencido, tudo estava encaminhad­o para ele ser campeão e encerrar sua história dessa forma”, contou Ferreira.

Para o potiguar, a etapa de Saquarema será especialme­nte desafiador­a por conta do balanço das ondas da chamada capital brasileira do surfe.

“Tenho que executar as manobras certas com muita velocidade, porque só assim o balanço não te derruba. O campeonato deve ter ondas para a esquerda, o que é bem raro no circuito. Vou aproveitar ao máximo isso”, concluiu Ferreira.

A competição masculina terá 13 brasileiro­s, incluindo os campeões mundiais Gabriel Medina (2014) e Adriano de Souza, o Mineirinho (2015).

Estou feliz com a minha escolha [de defender o Brasil para disputar a Olimpíada]. Eu acho que fui para o lado certo

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