Folha de S.Paulo

Berlusconi recupera os direitos políticos, e pode voltar ao poder

- Associated Press

roma O ex-premiê italiano Silvio Berlusconi, figura dominante da política de seu país no último quarto de século, foi autorizado pela Justiça a concorrer em eleições nacionais novamente.

Com o impasse na formação de um novo governo italiano, que se arrasta desde março, há a possibilid­ade de que Berlusconi tente retomar o cargo que ocupou por três vezes desde 1994 talvez já no ano que vem.

Ele havia perdido seus direitos políticos há quase cinco anos, quando foi condenado por diversas fraudes fiscais. Na ocasião, teve de deixar seu cargo de senador e foi barrado de concorrer em eleições nacionais.

Segundo o jornal Corriere della Sera, o Tribunal de Vigilância de Milão tomou a decisão após a revisão de recursos de advogados do político. Inicialmen­te, o banimento do político de 81 anos iria expirar apenas em 2019.

Ainda há um prazo de 15 dias para os promotores que cuidam do caso recorrerem do fim do banimento.

Berlusconi, dono de um império de comunicaçã­o e um dos homens mais ricos da Itália, havia sido condenado em 2012 por diversas fraudes no pagamento de impostos de suas empresas.

No ano seguinte, a mais alta corte criminal italiana confirmou a condenação a quatro anos de prisão. Como sua sentença inicial superava os dois anos de detenção, um dispositiv­o equivalent­e à Lei da Ficha Limpa brasileira cassou seu mandato e o tornou inelegível por seis anos.

Berlusconi conseguiu comutar o tempo de cadeia por serviços comunitári­os.

Enquanto isso, seus advogados recorreram à Corte Europeia de Direitos Humanos, acusando exagero na sentença. O tribunal deve decidir neste ano sobre o caso, mas com isso Berlusconi ficou de fora das eleições parlamenta­res de 4 de março, que racharam novamente a turbulenta política italiana.

Mesmo sem poder concorrer, Berlusconi operou uma aliança entre seu Forza Italia e o partido anti-migração de direita Liga.

O líder da agremiação, Matteo Salvini, vem desde então negociando um acordo com o populista Movimento 5 Estrelas de Luigi di Maio, que ganhou a maior bancada do Parlamento.

Mas como Berlusconi rejeitou uma aliança com Salvini e Di Maio, alegando que o 5 Estrelas é “mais perigoso do que os comunistas”, o impasse poderá levar à formação de um governo interino com um premiê não político indicado pelo presidente do país, Sergio Mattarella.

Tudo isso poderá levar a uma nova eleição antes do pleito previsto para 2023.

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