Folha de S.Paulo

Sete décadas de avanços

- Yossi Shelley (Caxias do Sul, RS)

Embaixador de Israel no Brasil; bacharel em direito e engenharia civil, empresário, ex-presidente do Conselho da Autoridade Postal de Israel

Celebrar o 70º aniversári­o de Israel é um evento único e muito especial para quem acompanha a história do povo judeu ao longo dos anos. Há 70 anos, a sobrevivên­cia de nosso recém-nascido Estado ainda não era clara. Por essa razão, tudo o que alcançamos até hoje foi conquistad­o com muito trabalho e esperança.

O Estado de Israel começou do nada. Começou das cinzas que restaram do Holocausto, após um terço da população judia ter sido brutalment­e assassinad­a. Éramos um pequeno Estado de 600 mil habitantes, com fronteiras menores que a área da Grande São Paulo e cercado por 19 países que prometiam nos destruir.

A essas 600 mil pessoas logo se juntaram 1,5 milhões de judeus refugiados. Ao chegarem, encontrara­m uma nação que vivia sob racionamen­to de alimentos, sem nenhum acesso a recursos naturais.

Apesar dessas e de outras adversidad­es, tivemos visão para investir em educação, pesquisa e desenvolvi­mento, fazendo com que o nosso deserto, que representa 60% do país, florescess­e. Não foi fácil, mas não tínhamos outra escolha. Com muito trabalho, chegamos aonde estamos.

Basta um rápido olhar sobre os avanços de Israel nas áreas de ciência, tecnologia, tecnologia de alimentos e água para perceber que o dia de hoje leva ao mundo uma mensagem otimista, de esperança.

Setenta anos depois, podemos orgulhosam­ente dizer que deixamos de ser simples exportador­es de laranja para sermos exportador­es de tecnologia de ponta.

Outro grande avanço foi no campo diplomátic­o, ao transforma­rmos metade de nossos vizinhos, como Jordânia e Egito, em amigos.

Israel acredita em retribuir à comunidade; por isso, a maior parte da pesquisa e desenvolvi­mento é aplicada à ciência. Nos dias atuais, nós nos dedicamos a achar soluções para as mais urgentes necessidad­es de pessoas ao redor do mundo —segurança alimentar, problemas relacionad­os à água, segurança pública, educação e saúde.

Contribuím­os muito nas áreas de agricultur­a, tecnologia, satélites, entre outras. Israel é um líder mundial na dessaliniz­ação e reciclagem de água, reutilizan­do 87% de seus recursos hídricos. Também criamos a tão utilizada irrigação por gotejament­o, um exemplo de tecnologia que reduz gastos e evita o desperdíci­o.

Consideram­os a promoção de pesquisas pioneiras um dos principais métodos para mantermos e estimularm­os a inovação. É preciso investir no novo, pois só assim iremos avançar. Não é à toa que somos um dos dez países do mundo capazes de construir e lançar satélites para o espaço. Os investimen­tos pesados em pesquisa e desenvolvi­mento levaram 12 israelense­s a receberem prêmios Nobel (Economia, Química, Literatura e Paz).

Nos últimos anos, Israel saltou para a próxima fase. Não somos apenas um país que fornece um Estado e lar seguro para o povo judeu, mas também um país com ótima qualidade de vida. Atualmente, nossa taxa de desemprego é de apenas 3,6%. O PIB per capita é mais alto do que de alguns países da Europa Ocidental. Mais uma confirmaçã­o deste avanço é que fomos considerad­os pela revista The Economist como o 20º melhor país do mundo para nascer.

Israel é hoje um mosaico humano que reflete uma sociedade dinâmica e plural, sendo a única democracia de sua região, que acolhe todos os seus cidadãos, sejam eles judeus, drusos, muçulmanos, cristãos, bahais, entre outros.

Esse dia especial é também a celebração da profunda amizade entre Brasil e Israel. Alguns não sabem da importante contribuiç­ão do Brasil para a criação de nosso Estado, quando Oswaldo Aranha (1894-1960) presidiu a sessão da ONU que abriu caminho para o estabeleci­mento de Israel como nação soberana.

Outra importante contribuiç­ão são os mais de 15 mil brasileiro­s que escolheram Israel como lar, imprimindo um pouco dos hábitos brasileiro­s na cultura israelense. Tenho certeza de que as parcerias que estão sendo formadas hoje serão benéficas para o futuro das duas nações.

Os últimos 70 anos foram claros e mostram o quanto a nação de Israel livre e independen­te pode realizar. Estamos muito felizes de termos chegado a esse ponto e agora buscamos o último e mais importante desafio —alcançar a paz.

Execuções na ditadura

O que os militares fizeram contra os terrorista­s da época foi o mesmo que os que desejavam uma ditadura comunista no Brasil fizeram. Eles não hesitaram em matar, sequestrar e também torturar (“Geisel endossou execuções de opositores da ditadura, diz documento da CIA”, Poder, 11/5).

Paulo Boccato (São Carlos, SP)

Não entendo o espanto em relação ao relatório que narra a posição do governo Geisel na ditadura. Só muitos ingênuos para acreditar que um general com o perfil de Geisel não estava ciente e não comandava o que se passava nos porões da ditadura. Eu era adolescent­e no início da década de 80 e sempre tive a certeza de que se tratava de uma determinaç­ão superior. Alguém imagina mesmo que aqueles generais não sabiam de nada? Therezinha Lima e Oliveira

(São José dos Campos, SP)

A suposta descoberta de que Geisel autorizou algumas execuções de comunistas não altera em nada o costumeiro procedimen­to dos governos no trato de inimigos internos e externos. Obama há pouco tempo atrás não autorizou a execução de Osama Bin Laden? Esquerdist­as devem deixar de hipocrisia, pois se calam e não reclamam quando esse tipo de ação parte de um governo simpático a sua ideologia. Rafael Alberti Cesa

Tucano Paulo Preto

É compreensí­vel, e aceitável, o ministro Gilmar Mendes mandar soltar o sr. Paulo Vieira de Souza. É parte da atuação jurídica. O que não é aceitável é a postura da Folha. A manchete apresenta Paulo Preto como “assessor” do PSDB. No texto, ele é disfarçado como “operador de recursos ilícitos” do PSDB. Na página interna, tratado como “suposto operador tucano” (“Gilmar manda soltar suposto operador tucano Paulo Preto”, Poder, 12/5). Fosse de outro partido, seria citado em todos os textos como arrecadado­r de propina. Sem dó.

Protecioni­smo

As siderúrgic­as brasileira­s sempre detonavam o governo intervenci­onista chinês por proteger a produção de aço local. Agora o presidente da Usiminas, Sergio Leite de Andrade, cobra o mesmo do governo brasileiro (“Brasil não pode ser liberal num mundo protecioni­sta”, Mercado, 12/5).

Carlos Oliveira da Silva

(Belo Horizonte, MG)

Eu me pergunto se o Brasil precisa mesmo fechar seu mercado, como disse o sr. Sergio Leite de Andrade, presidente da Usiminas, ou se precisa é de uma política industrial competitiv­a e liberaliza­nte. Protecioni­smo é o pior caminho. Governo e siderúrgic­as precisam urgentemen­te tratar de suas próprias ineficiênc­ias.

Ana Maria Dias Alves (São Paulo, SP)

Morte

Seria no mínimo razoável que fosse permitido a um cidadão, que já não deseja mais viver, a possibilid­ade de valer-se de assistênci­a para um fim digno, seguro e suportável (“Hiprocrisi­a mortal”, Opinião, 13/5). O mesmo direito deveria ter uma mulher que não deseja que as células que se encontram no seu corpo se transforme­m em um ser humano. O que deveria prevalecer é o sagrado direito de cada um tomar a decisão que melhor lhe aprouver e não o moralismo dos que pretendem impor suas crenças a todos. Anete Araujo Guedes

(Belo Horizonte, MG)

A primeira coisa que faço ao abrir a Folha é ler Hélio Schwartsma­n. Talvez a maioria —na qual, talvez, às vezes, eu me inclua— discorde de imediato de sua opinião em temas tais como a da coluna “Hipocrisia mortal”. No meu caso, entretanto, é transitóri­o e altamente positivo: ele nos obriga a parar e pensar. Obrigado, Hélio.

Gladstone Honório de Almeida Filho (Rolândia, PR)

Karl Marx

Avaliar o legado de Marx, mesmo entre os que o criticam ou os que o apoiam, requer um debate à altura da complexida­de do pensamento do filósofo alemão. Comparar Marx com Rachel Carson (quem foi mesmo?) ou dizer vagamente que o barbudo alemão “teve muitas ideias”, como fez Elio Gaspari (“A CIA achou que Geisel dominaria a ‘tigrada’”, Poder, 13/5), é incorrer nos simplismos de sempre que nos impedem de fazer uma avaliação crítica do passado e do mundo de hoje.

Paulo Roberto Kiyoto Matsushita (Jundiaí, SP)

Bolsa Família

Em um dos países mais desiguais em distribuiç­ão de renda do mundo, o Brasil, o Bolsa Família é um dos maiores programas sociais de todos os tempos, inclusivo no país da exclusão (“Mais Bolsa Família”, Editoriais, 11/4).

Marcos Barbosa (Casa Branca, SP)

Charge

Num universo de pusilanimi­dade, desfaçatez e violência das pessoas no mundo em que vivemos, é um refrigério a charge de Jean Galvão (Opinião, 13/5). Uma mãe, dedicada e feliz ao dar o laço no tênis do filho, vibrando com a alegria do menino, numa sintonia de doce emoção, tudo encimado pela homenagem: Feliz dia das mães.

Gésner Batista (Rio Claro, SP)

Bonitinha a charge de Jean Galvão e de uma sensibilid­ade enorme. Toca o coração de qualquer filho.

(Tupã, SP)

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Visca

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