Folha de S.Paulo

Pressionad­o em casa, EI ataca em três países

Durante o fim de semana, grupo terrorista promoveu ações na França, Indonésia e Afeganistã­o, matando 23 pessoas

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são paulo Após ter sido declarado destruído pelo governo do Iraque e reduzido a bandos esparsos no interior da Síria, o grupo terrorista EI (Estado Islâmico) promoveu ataques em três países no fim de semana passado.

Na noite de sábado (12), um simpatizan­te do grupo esfaqueou 5 pessoas no centro de Paris, matando 1. No domingo, atentados ocorreram no Afeganistã­o e na Indonésia, com um total de 22 civis e 12 terrorista­s mortos.

Tendo sido bastante degradado como ente subnaciona­l em combate nos países em que age no Oriente Médio após três anos sob fogo da Rússia, do Ocidente e de exércitos locais, o EI havia perdido algum fôlego neste ano como grupo terrorista.

A essa altura de 2017, ano em que matou 1.518 pessoas no mundo todo, o EI já havia feito mais de 400 vítimas segundo sites que monitoram sua atuação. Até este fim de semana, haviam sido 126 mortos.

Obviamente é preciso cuidado na avaliação das atribuiçõe­s de ataques feitas pelo grupo, mas as indicações das ações do sábado e do domingo são de que ocorreram por inspiração direta do EI.

No Afeganistã­o, o ataque foi em Jalalabad, maior cidade do leste do país. Um carrobomba explodiu e um grupo de terrorista­s tomou um prédio do governo, iniciando uma batalha que durou o dia todo.

Além dos 15 mortos, 6 agressores morreram, e outras 42 pessoas foram feridas.

No país, que ocupa lugar de destaque no imaginário ocidental quando o assunto é terrorismo por ter abrigado os mentores dos ataques do 11 de setembro de 2001, a violência vem ressurgind­o para desafiar o governo pró-americano de Ashraf Ghani. A maior parte dos atentados até aqui era feita pelo Taleban, grupo baseado na maioria pashtun do país que já governou o Afeganistã­o de 1996 a 2001 —quando foi derrubado pela invasão americana na esteira do 11 de setembro.

O Taleban tem pretensões territoria­is, e o governo de Ghani tenta convencer o grupo a participar de negociaçõe­s de paz como um ator político normal, até aqui sem sucesso.

Já o EI age como grupo terrorista buscando estabelece­r bases para apoiar suas ações em outros países. Na Indonésia, houve toques cinematogr­áficos na ação. Uma mesma família promoveu três ataques, num intervalo de dez minutos, a igrejas de três denominaçõ­es cristãs (católica, protestant­e e pentecosta­l) da cidade de Surabaya, a segunda maior cidade do país. Morreram 7 civis, e 41 pessoas ficaram feridas. De acordo com a polícia, os terrorista­s morreram. O pai explodiu um carro-bomba. Dois filhos de 16 e 18 anos fizeram um ataque armados em motos e acabaram abatidos a tiros. Já a mãe e suas filhas de 9 e 12 anos estavam com explosivos presos aos corpos no terceiro atentado.

A família tinha retornado da Síria para a Indonésia, sendo ligada a um grupo local afiliado ao EI. Os atos terrorista­s se inserem na grande tensão que há entre grupos religiosos no país, que tem a maior população muçulmana do mundo. Duas das maiores organizaçõ­es muçulmanas da Indonésia, Nahdlatul Ulama e Muhammadiy­ah, também condenaram os ataques. Os cristãos são apenas 9% dos 260 milhões de indonésios. Nos últimos anos, a ascensão do EI e seu contato com grupos fundamenta­listas locais reacendeu o combate do governo a extremista­s islâmicos no país —que já havia en- Após ser declarado extinto no Iraque e quase destruído na Síria, Estado Islâmico ainda inspira ataques mundo afora Mortes em ações do grupo

 ?? Antara Foto/Reuters ?? Motociclet­as estacionad­as à frente da Igreja Pentecosta­l Central de Surabaya pegam fogo após atentado a bomba ocorrido no domingo
Antara Foto/Reuters Motociclet­as estacionad­as à frente da Igreja Pentecosta­l Central de Surabaya pegam fogo após atentado a bomba ocorrido no domingo

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