Folha de S.Paulo

Ziguezague de Trump, agora sobre China, volta a confundir

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

Um único tuíte e Trump mais uma vez tomou as manchetes do Washington Post ao South China Morning Post.

O primeiro destacou o trecho em que promete ajudar o fabricante de celulares ZTE a “voltar aos negócios” dias depois das sanções que levaram a gigante chinesa a fechar as portas. O segundo prefere a passagem em que ele se disse preocupado com a “perda de empregos na China”.

O New York Times sublinhou que “o tuíte deixou muita gente coçando a cabeça”, na própria Casa Branca. O site de tecnologia Gizmodo admitiu desde logo, no título: “Que diabos está acontecend­o mesmo com esse tuíte sobre ZTE e empregos chineses?”.

Na New Yorker, a colunista Susan Glasser comparou o trabalho de quem cobre Trump ao dos que tentam entender o que se passa no Kremlin desde a Guerra Fria: “Somos todos trumpologi­stas agora”. Uma das saídas mais usadas é buscar sinais em declaraçõe­s de “décadas atrás para decodifica­r”, mas ela admite: “Como Trump gosta de falar ultimament­e sobre as próprias decisões: Quem sabe?”.

para além dos tuítes França e Alemanha buscaram algum sinal positivo do que quer Trump, ao abandonar o acordo com o Irã, nas várias entrevista­s de seus novos auxiliares nos programas dominicais dos EUA. O francês Le Monde deu atenção ao secretário de Estado, Mike Pompeo, que disse à Fox News que a decisão “não tem os europeus como alvo”. O alemão Frankfurte­r Allgemeine se voltou ao assessor de Segurança Nacional, John Bolton, que falou à CNN que não pretende mais derrubar o regime iraniano. sanções, ponto Já o Wall Street Journal ressaltou outra frase de Bolton, à ABC, sobre o que haverá se franceses e alemães não saírem do Irã: “Os europeus vão enfrentar efetivas sanções dos EUA”.

nova ordem No Financial Times, o colunista de política externa, Gideon Rachman, também não dourou a pílula, sob o título “EUA estão forjando uma nova ordem mundial baseada na força”. No futuro imaginado por Trump, “os Estados Unidos baixam a lei e os outros são forçados a seguir”. Para Rachman, poderá funcionar por um tempo, mas “é a receita para um mundo muito mais perigoso.” QUARTO PODER EXAUSTO

Estreia em duas semanas, mas o site Politico já viu o documentár­io ‘The Fourth State’, que acompanha ‘o NYT na era Trump’; a estrela é a repórter Maggie Haberman (acima), que o cobre desde os anos 90 no NY Post e não consegue parar, mas acrescenta: ‘Estou tão cansada’

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