Sex shops tentam se reiventar com cara de butique e cursos para mulheres
Lojas querem ganhar novos clientes e reconquistar público que migrou para comércio eletrônico
são paulo Os sex shops estão mudando de identidade. Agora querem ser chamados de butiques eróticas, forma de ganhar novos públicos e recuperar aqueles que migraram para o comércio eletrônico em busca de discrição.
Segundo a Abeme (Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual), 83% das pessoas nunca usaram produtos eróticos. É um público imenso no qual as empresas podem investir, diz a consultora Paula Aguiar.
A mineira A Sós apostou em uma loja-conceito em tons de azul e branco para comercializar produtos que vão desde géis para usar durante a relação sexual até um estimulador clitoriano de R$ 598, que vende 600 unidades por mês.
“Para criar a loja, consultamos psicólogos e arquitetos e nos inspiramos no setor de cosméticos. Queríamos tirar essa ideia de que o produto é tabu e deve ser escondido”, diz o sócio Paulo Aredes, 43.
A tendência de se distanciar da estética dos sex shops tradicionais é definitiva, de acor- A empresária Stephanie Seitz (de verde), a consultora Paula Aguiar e o casal João e Lídia Ribeiro, na sede da Intt, em São Paulo
do com Edvaldo Bertipaglia, presidente da Abeme. “Há 15 anos havia cabines com filmes pornôs em alguns sex shops. Hoje, isso é impensável.”
A empresa A Sós acaba de virar franqueadora e quer abrir 20 unidades em todo o país até o final deste ano.
O desafio do lojista, segundo Bertipaglia, é criar um mix de
produtos com itens que vendem bem e ter à mão objetos inusitados e mais caros, como o estimulador.
“Cosméticos representam em geral 80% das vendas. Vale comprar produtos com óleos naturais, hipoalergênicos, de valor agregado mais alto.”
Isso porque um pequeno aumento de preço não impede
o cliente de fazer a compra, diz. “Esse consumidor paga a mais, mas quer ter suas expectativas atendidas”, afirma.
Entre os cosméticos campeões de vendas há o vibrador líquido, feito com jambu, erva típica do Pará, que estimula a mulher durante a relação e já é exportado para EUA e Europa.
Depois dos cremes e géis estimulantes, os itens mais procurados são vibradores elétricos, lingerie sensual e bebidas energéticas e afrodisíacas.
As lojas físicas também estão apostando na criação de serviços de delivery que entregam o produto em poucas horas, o que grandes ecommerces já fazem, além de oferecer eventos e aulas de técnicas sexuais, afirma Ariadne Mecate, consultora do Sebrae.
É a estratégia da psicóloga Luciana Keller, 47, da Constantine Boutique, em São Paulo, que ministra cursos, entre eles de striptease e massagem. As aulas já representam 20% da receita da loja.
“Víamos nossas clientes comprando os produtos cheias de dúvidas e inseguranças. Juntei meu conhecimento de psicologia e dos produtos para orientá-las, e hoje esse é nosso diferencial”, diz Luciana.
Outra alternativa tem sido a venda direta, como a de cosméticos, onde a consultora pode conversar sozinha com a cliente, já que as mulheres respondem por 90% das compras nesta modalidade, e mostrar os itens.