Folha de S.Paulo

Sampaoli viaja o mundo para escalar a Argentina

- -Alex Sabino

são paulo É janeiro de 2018 e Jorge Sampaoli, técnico da Argentina, está em Manchester, no norte da Inglaterra. Conversa com José Mourinho e pede que o goleiro Sergio Romero e o lateral Marcos Rojo sejam mais aproveitad­os no Manchester United.

Depois vai ao City para saber das condições físicas de Sergio Aguero e Nicolás Otamendi. No dia seguinte, embarca para Turim.

As constantes viagens do técnico da seleção argentina são criticadas em seu país. Uma das queixas é que, em vez de fazer périplos pela Europa, ele melhor faria se observasse mais os jogadores que estão em ação no campeonato local, como Lautaro Martínez, destaque do Racing, por exemplo.

Sampaoli apresenta nesta segunda-feira (14) a lista inicial de 35 nomes para a Copa do Mundo. Em três semanas, terá de reduzir a relação para os 23 autorizado­s pela Fifa a serem inscritos no torneio.

Em quase um ano no cargo, ele viajou o equivalent­e a três voltas ao mundo para conversar com nomes certos da seleção e possíveis convocados.

Levantamen­to dos trajetos do treinador mostra que ele percorreu 119.354 km em 11 meses. O número envolve viagens para conversar com atletas, treinadore­s e assistir a partidas. Não inclui voos para comandar a seleção em amistosos e jogos das eliminatór­ias.

Se for considerad­a a conferênci­a equatorial, são necessário­s 40.075 km para contornar o planeta.

Sampaoli saiu de Buenos Aires para passar mais de uma vez por Paris, Roma, Milão, Londres, Barcelona, Sevilha, Liverpool, Manchester, Florença, Turim, Málaga, Madri, Lisboa e Amsterdã.

“Quando nos encontramo­s, eu disse a ele que sou como qualquer outro jogador. Sonho jogar o Mundial pela seleção e estou aqui para qualquer situação que precisar”, disse o lateral Nicolás Tagliafico, 25, do Ajax (HOL).

As seguidas viagens e reuniões fizeram surgir os boatos de que Sampaoli foi à Catalunha pedir “permissão” a Messi para não convocar Javier Mascherano, 33, amigo do atacante do Barcelona (ESP), por entender que ele não tem mais condições de atuar como volante.

Ou que foi a Londres avisar a Willy Caballero, 36, do Chelsea (ING), que ele será o goleiro titular na Copa e não Sergio Romero, do Manchester United (ING), primeira opção da seleção desde 2010.

Como o treinador não costuma dar entrevista­s, as histórias ficaram no ar, sem confirmaçã­o ou desmentido.

Não deveria ser surpresa o comportame­nto do técnico. Ele fez o mesmo quando comandou a seleção chilena, entre 2012 e 2015. Estava sempre de malas prontas para embarcar e conversar com seus atletas pelo mundo.

Sampaoli chegou a sugerir que a preparação final para a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, fosse feita no exterior, para fugir da pressão de imprensa e torcedores e ter mais tranquilid­ade.

Como o pedido não foi aceito, trancou os convocados por mais de um mês no centro de treinament­o da Associação Nacional de Futebol do Chile e depois na Toca da Raposa 2, do Cruzeiro, onde a equipe ficou concentrad­a durante o torneio.

A última viagem de Sampaoli foi a mais longa. Ele embarcou no mês passado e retornou no início de maio. Percorreu 30.036 km.

Pela sua agenda, a imprensa tem ideia se é possível aparecer alguma novidade nas convocaçõe­s. Em Lisboa, o treinador teve reunião com Rodrigo Battaglia, 26, do Sporting. O volante não tem nenhuma partida disputada pela seleção argentina principal, apenas pela sub-20.

Battaglia seria opção a Biglia, que sofreu fratura na costela em partida do Milan e ainda se recupera da contusão.

O histórico de Sampaoli mostra que ele não costuma surpreende­r seus atletas nas convocaçõe­s.

Costuma dizer a eles se são titulares, se estão na briga ou se possuem poucas chances de ir à Copa do Mundo.

Nesta última opção está o artilheiro da Internazio­nale (ITA), Mauro Icardi, 25, escalado por Sampaoli para o ataque em sua primeira partida à frente da Argentina, pelas eliminatór­ias, diante do Uruguai, em Montevidéu.

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