Folha de S.Paulo

Encerrado há exatos 20 anos, ‘Seinfeld’ abriu a porta para tipo de humor inovador

- -Teté Ribeiro

ANÁLISE são paulo Há 20 anos, em 14 de maio de 1998, a emissora NBC exibiu o último episódio de “Seinfeld”, a “série sobre nada” que revolucion­ou a sitcom e é até hoje um dos marcos da TV mundial. Só nos EUA, 76,3 milhões pararam para assistir ao especial de 1h15, que deixava muitas perguntas sem resposta e recebeu críticas negativas.

A despedida mediana não apagou o brilho das nove temporadas, que foram ao ar anos antes do que se convencion­ou chamar a “era de ouro” da TV.

Vistas hoje na ordem, do primeiro ao 190º episódio, como esta repórter tem feito nos últimos meses, ou ao acaso, escolhendo por tema ou memória, mostram que “Seinfeld” continua sendo um dos programas mais inteligent­es, espertos e surpreende­ntes à disposição.

No episódio derradeiro, os quatro vão a julgamento numa cidadezinh­a porque veem um homem obeso mórbido sendo assaltado e, em vez de ajudá-lo, fazem piada e filmam a cena.

Acabam pegos por um policial porque quebraram a regra local “do bom samaritano”. O final não agradou aos criadores do programa.

Jerry diz que se arrepende de ter ido em frente com aquele roteiro, escrito por Larry David, seu parceiro que estava fora desde a sétima temporada. Em uma entrevista posterior, disse que “às vezes acha que realmente não devia ter feito [aquele final]”.

“Havia uma enorme pressão sobre nós para que fizéssemos um grande último episódio, mas grande é sempre ruim em comédia”, ele afirmou.

Seja como tenha sido o fim, “Seinfeld” abriu a porta para um tipo de humor inovador, criativo e sempre com um lado dark.

Nos 190 episódios, os quatro protagonis­tasfazemco­isascomo roubar o pão de uma velhinha, trocar a namorada por uma sopa, deixar o carro no estacionam­ento do trabalho para enganar os chefes, derrubar crianças e idosos numa festinha infantil para escapar de um incêndio.

A genialidad­e do seriado eram os roteiros, com quatro tramas paralelas, uma para cada personagem, que se encontrava­m de maneira inesperada e sempre, sempre, muito engraçada. Além disso, tinha as definições mais divertidas para as coisas do dia a dia.

Sexo era um assunto recorrente, os quatro namoraram sem parar durante os nove anos e, apesar de discutir detalhes, usavam sempre um jeito de falar que era transparen­te sem ser explícito.

“Seinfeld” ter vinte anos é uma tristeza, já que nada melhor surgiu desde então, mas nem tudo está perdido.

Recentemen­te todos os episódios foram colocados na Apple TV, e nada cura um dia médio ou ruim como dois ou três episódios antes de dormir.

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Divulgação Jerry Seinfeld, Julia Louis-Dreyfus (Elaine), Jason Alexander (George) e Michael Richards (Kramer) no último episódio

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