Folha de S.Paulo

‘Circo Místico’, de Cacá Diegues, destoa do Brasil típico de festivais

Longa foge do realismo esperado da produção contemporâ­nea e busca resgatar o ‘barroco brasileiro’, segundo seu diretor FESTIVAL DE CANNES

- -Guilherme Genestreti O jornalista se hospeda a convite do Festival de Cannes

cannes (frança) “O Grande Circo Místico”, obra com a qual o diretor Cacá Diegues rompeu um hiato de 12 anos no lançamento de um longa de ficção, é um objeto alienígena se comparado à típica produção brasileira que corre eventos estrangeir­os de cinema.

Saga de tintas felliniana­s e números musicais, a obra que estreou no Festival de Cannes vai na contramão do realismo dos filmes nacionais contemporâ­neos e destoa do próprio cinema novo, movimento do qual o diretor fez parte nos anos 1960 e que se consagrou nesta mesma mostra.

“Eu queria voltar ao barroco brasileiro, que estava esquecido e que é uma das bases da nossa cultura”, diz o diretor à Folha, sobre o tom do longa, exibido neste fim de semana.

O roteiro acompanha cinco gerações à frente do picadeiro —a começar por Fred (Rafael Lozano), jovem aristocrat­a que compra o circo no começo do século 20. Jesuíta Barbosa, Mariana Ximenes, Vincent Cassel, Bruna Linzmeyer e Juliano Cazarré participam das várias fases da história.

Na competição pela Palma de Ouro, a grande aposta “Les Filles du Soleil”, da francesa Eva Husson, provocou uma reação curiosa: o filme de levada feminista decepciono­u críticos homens, mas foi sau- dado por críticas mulheres.

O longa narra a incursão de uma correspond­ente de guerra (Emmanuelle Bercot) em um time de guerrilhei­ras curdas que lutam contra extremista­s inspirados no Estado Islâmico.

Crítico da revista Variety, Jay Weissberg, chamou o filme de um “drama pedante e carregado de senso comum”. Para Jordan Mintzer, da Hollywood Reporter, quando o filme acaba, a sensação é de que ele “perdeu a batalha”. Já para Sharon Waxman, do The Wrap, a emoção do filme é conquistad­a de “forma honesta”.

Também na competição, o filme “3 Faces”, do iraniano Jafar Panahi, faz uma crítica precisa contra o conservado­rismo provincian­o que grassa as partes mais remotas daquele país.

A trama começa com imagens de uma aspirante a atriz que grava o próprio enforcamen­to e pede socorro a uma artista já consagrada porque seus pais não a deixam estudar atuação. Sem permissão para viajar, ele não apresentou o longa em Cannes.

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Divulgação Bruna Linzmeyer em ‘O Grande Circo Místico’

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