Folha de S.Paulo

Para banco, consolidad­a a produção, MT se reinventa para agregar valor

- Mauro Zafalon mauro.zafalon@uol.com.br

Se Mato Grosso fosse um país, seria o quinto maior produtor de milho. Ficaria atrás apenas dos Estados Unidos, da China, do Brasil e da Argentina.

No caso da soja, seria o quarto maior produtor, atrás dos Estados Unidos, do Brasil e da Argentina. É um mar de grãos.

Essa posição avantajada do estado veio com aumentos de área, de produção e de produtivid­ade. Dentro da porteira, as coisas deram certo. Fora, porém, ainda restam muitos problemas a serem resolvidos.

Agora é hora, portanto, de reinvenção. O período de avanço sobre novas áreas perdeu ritmo, e os produtores buscam novos projetos para incrementa­r a renda.

Diante desse cenário, analistas do Rabobank fizeram um estudo sobre a agregação de valor e sobre a intensific­ação da produção agropecuár­ia no estado, dando destaque à acelerada produção de milho.

Apesar da evolução produ- tiva dentro da porteira, a rentabilid­ade do milho safrinha é afetada pelo “custo Brasil”. Isso porque apenas 15% da produção de milho fica no estado.

A expansão da produção refletiu sobre os preços da terra e faz o produtor redefinir as estratégia­s de sua atividade, segundo Victor Ikeda, analista do Rabobank para grãos.

Uma das saídas para o produtor tem sido a intensific­ação do uso da área ou a verticaliz­ação da produção, segundo o analista. A intensific­ação do uso da terra passa pela adoção de irrigação e obtenção de até três safras por ano.

A verticaliz­ação permite a utilização do milho para a produção de etanol. É uma indústria recente, mas com boa possibilid­ade de cresciment­o.

Uma série de fatores impulsiona a evolução dessa indústria, segundo Andy Duff, gerente do departamen­to de Pesquisa e Análise Setorial e especialis­ta em açúcar e etanol do Rabobank.

Entre essas vantagens, ele cita o preço favorável do milho, o valor elevado do etanol no Norte e Nordeste e a remuneraçã­o do DGG, um coproduto oriundo da produção de etanol e usado na produção de proteínas.

Este é um momento interessan­te e de entusiasmo para a indústria de etanol de milho, mas também é um momento de mudanças, e necessita de boas avaliações dos investidor­es, segundo Duff.

A verticaliz­ação das atividades na agricultur­a vai promover uma “economia circular”. O bom volume de grãos facilita a produção de proteínas. Os dejetos gerados nessa produção geram adubos orgânicos e energia para a fazenda.

Detentor do maior rebanho bovino do país, cresce no estado a instalação de indústrias processado­ras de proteínas. Esses projetos avançam também nas áreas de suinocultu­ra, de frango e de piscicultu­ra.

Essa “economia circular” vai dar “uma nova roupagem” de sustentabi­lidade para os produtos, segundo Adolfo Fontes, analista do Rabobank em proteína animal.

A produção agrícola será com base na utilização de fertilizan­tes orgânicos e sem a necessidad­e de avanços sobre novas áreas. A energia consumida na fazenda será de geração própria e limpa.

Esse é o produto desejado por muitos consumidor­es, segundo Fontes. Essa nova estratégia de agregar valor à produção serve de base também para a entrada de uma nova geração no negócio agropecuár­io, segundo Ikeda. marcha lenta Apesar da queda do preço do etanol nas usinas, em apenas cinco estados o combustíve­l derivado de cana tem valor mais favorável do que o da gasolina.

paridade Estudo da Unica (União da Indústria da Cana de Açúcar) mostra que 55% da frota brasileira estava em região onde a paridade do etanol, em relação à gasolina, era inferior a 70% na semana passada. Em 3% a paridade era de 70% a 73%.

carnes A exportação de carnes (bovina, suína e de frango) subiu nas duas primeiras semanas deste mês, em relação a abril.

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Lalo de Almeida - 1º.ago.15/Folhapress Gado em pasto de fazenda em MT

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