Folha de S.Paulo

Na Frente de Prefeitos, presidenci­áveis deslizam ao falar sobre economia

- Lupa@lupa.news Com reportagem de Chico Marés e Nathália Afonso

“Nosso país, com essa crise, já devolveu para a pobreza (...) 40 milhões [de pessoas]” Marina Silva, pré-candidata da Rede, em 8.mai.18, em Niterói ainda é cedo O Banco Mundial informa que, no Brasil, entre os anos de 2004 e 2014, 39,7 milhões de pessoas deixaram a linha da pobreza estabeleci­da pela entidade e passaram a ter mais de US$ 5,5 por dia para viver.

Em 2014, no entanto, 36,5 milhões de brasileiro­s ainda estavam abaixo desse patamar. Em 2015, já durante a atual crise econômica, o total subiu. Passou para 39,9 milhões de pessoas. Mas, no Banco Mundial, não há dados posteriore­s a este.

O Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) estima, por sua vez, que, em 2016, 9 milhões de pessoas foram empurradas para baixo

AINDA É CEDO da linha da pobreza no Brasil. Em sua pesquisa, o IETS usa o mesmo patamar de renda do Banco Mundial e dados do IBGE. A frase de Marina aponta, portanto, para o caminho correto, mas ainda não há dados conclusivo­s sobre esse assunto. Procurada, a presidenci­ável não se manifestou.

“Assistimos, dois anos atrás, a um déficit primário de R$ 180 bilhões e vimos, ano passado, cair para R$ 130 bilhões”

Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, em 8.mai.18, em Niterói exagerado O Ministério da Fazenda informa que, há dois anos, ou seja, em 2016, o déficit primário brasileiro foi de R$ 154,255 bilhões. Portanto, menor do que os R$ 180 milhões citados por Ciro Gomes.

Em 2017, ainda segundo o governo federal, o déficit primário caiu para R$ 124,4 bilhões.

A informação pode vir a ser verdadeira. Este número também é inferior ao mencionado por Ciro. Procurado, o presidenci­ável não se manifestou.

“Na década de 1970, quando eu era prefeito [de Pindamonha­ngaba (SP)], o Brasil crescia 12% ao ano”

Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB, em 8.mai.18, em Niterói exagerado Dados do Ipea mostram que, entre 1970 e 1973, o Brasil chegou a crescer uma média de 11,1% ao ano. Nessa época, no entanto, Alckmin ainda não tinha sido eleito prefeito.

O tucano assumiu a gestão de Pindamonha­ngaba em 1977 e ficou no cargo até 1982. Nesse período, o Brasil cresceu, em média, 3,6% ao ano —bem longe dos 12% citados por Alckmin. Procurado, o presidenci­ável do PSDB não se manifestou .

VERDADEIRO, MAS A informação está correta, mas o leitor merece mais explicaçõe­s. EXAGERADO “[No Brasil,] tínhamos uma dívida pública, em 2008, de R$ 1,5 trilhão. Hoje, temos, em janeiro, (...) R$ 4,9 trilhões” Alvaro Dias, pré-candidato do Podemos, 8.mai.18, em Niterói verdadeiro, mas Segundo o Banco Central, os valores citados por Dias estão corretos. Nominalmen­te, o cresciment­o foi de 210,5% em 10 anos.

Mas para citar a alta da dívida, o mais adequado é observar a relação entre ela e o PIB do país. Em janeiro de 2008, o valor da dívida correspond­ia a 57,5% do PIB brasileiro.

Em janeiro de 2018, os R$ 4,9 trilhões equivalem a 74,5% do Produto Interno Bruto. Essa diferença na proporção indica uma alta de 29,5% (ou 18 pontos percentuai­s) na dívida.

Ou seja: ela aumentou, mas menos do que se conclui a partir dos valores nominais citados por Dias. Em nota, o presidenci­ável manteve sua posição, afirmando que sua frase está “estritamen­te correta”. A informação está no caminho correto, mas houve exagero.

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Ricardo Borges - 8.mai.2018/UOL A pré-candidata Marina Silva (Rede)

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