Folha de S.Paulo

Pesquisa aponta uso de perfis russos em prol de Aécio na eleição de 2014

- -Géssica Brandino

são paulo Perfis com imagens e informaçõe­s associadas à Rússia e ao leste europeu ajudaram a propagar mensagens com links da campanha à Presidênci­a de Aécio Neves em 2014.

Essa foi uma das descoberta­s de pesquisado­res da FGV, que analisaram sub-redes de perfis automatiza­dos, os chamados robôs, durante as eleições naquele ano.

A informação foi antecipada pela revista “Veja”.

Os pesquisado­res identifica­ram manualment­e 24 perfis do leste europeu atuando na campanha do tucano, responsáve­is por 14.440 interações no Twitter.

O estudo aprofunda a pesquisa divulgada no último ano pela Diretoria de Análises de Políticas Públicas (DAPP) da FGV, que mostrou a interferên­cia de robôs em momentos decisivos da disputa pela Presidênci­a, como os debates na Globo, em que perfis automatiza­dos respondera­m por cerca de 20% das interações no Twitter de apoiadores de Dilma Rousseff (PT), Aécio e Marina Silva (ex-PSB, hoje Rede).

Para o sociólogo Marco Aurélio Ruediger, diretor da DAPP, o uso de perfis de outros países demonstra que a campanha eleitoral deste ano no país também pode sofrer interferên­cia externa, como teria ocorrido nas eleições americanas.

“Não estamos livres de interferên­cias do exterior, outro ponto importante, porque pode ter um impulsiona­mento de ideias e também ser deformador­a do espaço político e democrátic­o, além de impor agendas”, afirma.

A análise revelou vínculos entre empresas prestadora­s de serviços às campanhas dos candidatos e sites cujos conteúdos foram compartilh­ados por redes de robôs .

Nesta etapa do estudo foram analisados duas subredes de perfis automatiza­dos: uma com 699 robôs, que compartilh­aram conteúdos de Aécio e de Marina. E outras 509 contas que compartilh­aram conteúdos associados à campanha de Dilma. Ao todo, geraram mais de 773 mil publicaçõe­s, uma média de 419 por usuário.

Segundo Ruediger o uso de perfis falsos somados podem ter um grande impacto, ao interferir naquilo que as pessoas recebem e distorcer a percepção daquilo que está sendo mais debatido.

A assessoria de Aécio negou que tenha utilizado robôs durante a campanha ou autorizado qualquer empresa ou pessoa a utilizar perfis automatiza­dos.

O coordenado­r de comunicaçã­o digital da campanha de Marina em 2014, Caio Tulio Costa, disse que em uma ocasião a equipe identifico­u uma movimentaç­ão atípica de tuítes pró-Marina, imediatame­nte relatada à rede social. A assessoria de Dilma disse que não comentaria.

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