Folha de S.Paulo

MST e PUC-SP promovem curso contra as ‘fake news da direita’

- -Thaiza Pauluze

são paulo Após a proliferaç­ão de cursos sobre o “golpe” do impeachmen­t de Dilma Rousseff (PT) de 2016, a pauta da esquerda universitá­ria vai abordar como driblar fake news e e encarar a “guerrilha digital” da direita.

Este será o tema do curso livre de formação política para militantes de movimentos sociais de esquerda promovido pela Escola Nacional Florestan Fernandes, criada pelo MST (Movimento dos Trabalhado­res Sem Terra).

O intitulado “Seminário sobre realidade brasileira” ganhou um “e mídia” no fim do nome nesta edição, feita em parceria com a PUC-SP, onde o curso está sendo ministrado.

As 100 vagas previstas viraram 400 inscrições em dias (predominan­temente de militantes do MST e do MTST, de trabalhado­res sem-teto, mas também de estudantes da universida­de), forçando a abertura de uma segunda turma.

“Todo movimento hoje tem que saber monitorar, se precaver e responder rapidament­e às fake news”, afirma Pollyana Ferrari, professora da PUC-SP, que dará o módulo “Guerrilha da comunicaçã­o digital e fake news como método de construção da hegemonia conservado­ra”, junto com o jornalista Leonardo Sakamoto.

“Num cenário de polarizaçã­o e acirrament­o político, com milhares de mentiras espalhadas, o tema ganhou importânci­a especial”, diz o advogado Ronaldo Pagotto, um dos organizado­res do curso.

Depois do assassinat­o da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) em março e do desabament­o do prédio ocupado no centro de São Paulo no início de maio, conta Ferrari, “nós vimos que até tragédias podem gerar notícias falsas”.

Para a professora, a ideia que se tem dos movimentos sociais é um “discurso hegemônico de que são bandidos”. “Mas aquelas pessoas, do alto das suas varandas, nunca foram numa ocupação.”

E não é só no terreno das redes sociais que são produzidas fake news, segundo José Arbex, chefe do departamen­to de Jornalismo da PUC-SP e professor da Escola Nacional Florestan Fernandes. Ele atribui a pecha de estabelece­r a agenda hegemônica à mídia tradiciona­l, que também ajudaria a propagar inverdades.

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