Alta do dólar faz BC manter taxa básica de juros
A maioria dos analistas agora está mirando numa alta próxima de 2% para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, distante dos 3%, que é a projeção oficial. Nessa avaliação de que a expansão será menor, um agravante é a alta do dólar, que tende a ter impacto negativo na atividade.
O economista Luiz Castelli, da consultoria GO Associados, lembra que muitas grandes empresas têm dívidas em dólar. Em um cenário de valorização da moeda americana, esse endividamento cresce.
“Além disso, temos um cenário eleitoral particularmente imprevisível, o que segura decisões de investimento, e o impacto da queda dos juros na ponta é moderado.”
A demora de uma reação mais robusta do emprego também afeta a demanda e, consequentemente, o crescimento.
“O emprego que vem sendo criado é sem carteira de trabalho, é um vínculo tênue, que não serve como base para obtenção de crédito, seja bancári, seja no comércio”, afirma o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves.
Além de questões conjunturais, os economistas começam a identificar o que pode ser um problema estrutural da economia brasileira.
A avaliação é que, se, nos anos 2000, uma conjunção de fatores permitia uma expansão média de 3,6% do PIB, é pouco provável que isso volte a se repetir.
“Nessa época, tivemos três grandes ventos favoráveis: o Evolução do IBC-Br na comparação com trimestre anterior Em% 3ºtri.16 4ºtri.16 crescimento da força de trabalho, por razões demográficas, um aumento da escolarização dos trabalhadores, como consequência de um processo que começou nos anos 1990, e o boom de commodities”, afirma Daniel Duque, pesquisador da FGV Ibre.
Todos esses fatores, segundo Duque, não se repetirão na 1ºtri.18 mesma magnitude.
“No primeiro trimestre o ambiente externo estava favorável, e o interno também, com os juros em queda. Mesmo assim, não engrenou. Este parece ser o novo normal: um país sem muita capacidade de crescer”, afirmou Duque.
Os analistas de mercado consultados pelo Banco Central
O que é o IBC-Br?
Calculado pelo Banco Central, indicador tenta replicar o comportamento do PIB (Produto Interno Bruto). Em março, em relação ao fevereiro, houve queda de 0,74% no boletim Focus já vinham reduzindo, semana a semana, suas projeções para o PIB de 2018. Com a divulgação de indicadores do IBGE que mostram um desempenho decepcionante da indústria, do varejo e do comércio, a média das expectativas para 2018 havia sido revista para 2,51% de alta.
A expectativa agora é que o Ministério da Fazenda também faça uma revisão para baixo de sua projeção de crescimento para a economia.
O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, afirmou que o novo número deve ser informado na próxima semana.
De acordo com ele, uma atividade mais fraca pode afetar a arrecadação, mas o bom desempenho das receitas com royalties de petróleo tendem a compensar uma eventual queda na arrecadação.
“Todo o planejamento da arrecadação com royalties se baseou em uma cotação de US$ 50 o barril, e agora já está em US$ 75”, afirmou.
“A arrecadação de abril ainda não está fechada, mas foi muito boa, além da nossa expectativa.”