Folha de S.Paulo

Real é única moeda dos Brics a cair ante dólar

- -Danielle Brant

são paulo O real foi a única moeda nesta quarta-feira (16) a sofrer desvaloriz­ação entre os países do grupo conhecido como Brics — formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul.

A moeda brasileira se desvaloriz­ou 0,58% e o dólar fechou a R$ 3,677, maior nível desde abril de 2016.

As divisas dos outros Brics subiram, com destaque para o peso argentino. Ele liderou as altas do dia e avançou 1,59%. Rublo russo (+0,97%), rand sul-africano (+0,97%) e rupia indiana (+0,46%) e China (+0,50%) também avançaram.

No mundo, o dólar ganhou força ante 12 das 31 principias moedas.

A desvaloriz­ação do real —a quarta seguida— foi motivada por fatores internos e internos.

No mercado local, investidor­es que aplicam em Bolsa brasileira buscam proteção contra a variação da moeda americana.

Para evitar perdas cambiais por investir em ações, eles compram dólares ou contratos futuros da moeda, o que contribui para pressionar a cotação do dólar no país.

Nesta quarta, o Ibovespa, índice das ações mais negociadas, subiu 1,65% e voltou a fechar acima dos 86 mil pontos.

Mas o principal motor para a alta do dólar em escala global permanece sendo a percepção de que haverá aceleração nos aumentos da taxa dos juros nos EUA. O rendimento dos títulos de dívida americana com vencimento em dez anos subiu para 3,1%, maior nível em quase sete anos.

Marco Caruso, economista do Banco Pine, diz que o diferencia­l de juros entre Brasil e EUA foi um dos fatores que mais pesaram para a valorizaçã­o do dólar até agora.

Como os títulos americanos são livres de risco, os investidor­es preferem comprar esses papéis, em vez de ficar aplicados nos títulos brasileiro­s, que rendem menos.

“Isso começou a entrar na conta. Como há economias com fragilidad­es e alto endividame­nto em dólar, elas começam a sentir o movimento de alta do dólar”, afirmou.

Para José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, o dólar deve moderar a alta daqui para a frente. “O chacoalhão maior já foi”, diz.

A alta da moeda também ocorreu em dia de Copom. O BC surpreende­u e manteve os juros em 6,5% ao ano, em decisão anunciada após o fechamento do mercado, atribuindo parte da decisão às turbulênci­as internacio­nais.

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