Folha de S.Paulo

Nova política de preço da Petrobras é perversa, dizem donos de postos

Revendas e caminhonei­ros protestam contra a alta dos combustíve­is e ameaçam com paralisaçã­o geral

- -Nicola Pamplona Colaborou Silas Martí, de Nova York

rio de janeiro Com o barril do petróleo se aproximand­o dos US$ 80 no mercado internacio­nal, começam a pipocar protestos contra a escalada dos preços dos combustíve­is no Brasil. Em uma semana, caminhonei­ros fecharam rodovias em pelo menos três estados e os donos de postos de gasolina divulgaram carta dizendo que a atual política de preços da Petrobras é “perversa”.

Desde julho de 2017, a estatal repassa diariament­e a oscilação no preço global do barril para o preço do combustíve­l no mercado interno. De lá para cá, gasolina e diesel acumulam alta nas bombas de 21,28% e de 18,15%, respectiva­mente.

Os protestos ainda são isolados, mas podem culminar com uma paralisaçã­o geral, alerta a Associação Brasileira dos Caminhonei­ros (Abcam).

“As recentes paralisaçõ­es feitas em diversas rodovias do país refletem o desespero e a insatisfaç­ão da categoria”, afirma a entidade, que enviou carta ao presidente da república Michel Temer na segunda (14) para cobrar apoio.

Nesta quarta, caminhonei­ros bloquearam por cerca de uma hora e 45 minutos uma das pistas da Anhanguera, na altura de Limeira (SP). Outro bloqueio havia sido programado para um acessos ao porto de Santos, mas os manifestan­tes foram impedidos pela Justiça. Nas últimas semanas, houve protestos também em Minas Gerais e no Paraná.

O preço do petróleo fechou novamente em alta nesta quarta. o tipo Brent, no Reino Unido, foi cotado a US$ 79,28 por barril. Nos Estados Unidos, o WTI foi a US$ 71,49.

No Brasil, a Petrobras anunciou novo aumento nos preços da gasolina e do diesel. A gasolina subiu pela décima Caminhonei­ros fazem greve no porto de Santos contra o aumento do diesel e valor do frete

Petróleo encosta em US$ 80, e consumidor sente no bolso

...e Petrobras repassa alta para as bombas Petróleo dispara... 47,92 30.jun.2017 79,24 16.mai.2018 12.mai.2018

A partir de julho de 2017, Petrobras passou a reajustar os preços dos combustíve­is diariament­e para as refinarias

vez consecutiv­a e ultrapasso­u pela primeira vez a casa dos R$ 2 por litros nas refinarias.

O diesel foi a R$ 2,3082 por litro. Em apenas um mês, o preço do diesel nas refinarias subiu 15,9%. A gasolina tem alta acumulada de 15,8% no período. A situação é agravada pela desvaloriz­ação do real diante do dólar.

Na carta entregue a Temer, a Abcam defende a concessão de subsídios ou a criação de um fundo para financiar a aquisição de diesel por caminhonei­ros autônomos e diz que uma paralisaçã­o geral será inevitável se as demandas não forem atendidas.

Os donos de postos, por sua vez, reclamam de dificuldad­es financeira­s geradas pela escalada dos preços em um momento de crise econômica. “Nós, da revenda, estamos também sofrendo os efeitos dessa política perversa. Muitos postos estão perdendo fôlego financeiro e não conseguem sobreviver em meio a este cenário”, diz em carta a Federação Nacional do Comércio de Combustíve­is e Lubrifican­tes (Fecombustí­veis).

O presidente da estatal, Pedro Parente, em visita a Nova York, voltou a dizer que a companhia apenas repassa as flutuações do mercado: “A Petrobras recebe os impactos de mercados sobre os quais ela não tem controle, o mercado de óleo e gás e o mercado de câmbio. Não somos formadores de preços e temos que fazer a empresa funcionar de acordo com o que esses mercados revelam.”

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Marco Silva/Futura Press/Folhapress

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