Folha de S.Paulo

Você ouve ‘Laurel’ ou ‘Yanni’? Áudio vira motivo de discórdia

- -Maya Salam The New York Times, tradução de Paulo Migliacci

Três anos atrás, a internet quase desabou quanto à cor de um vestido. Agora, um arquivo de áudio está gerando desacordos entre amigos, parentes e colegas de trabalho, que questionam a audição uns dos outros e as próprias. A voz robotizada está dizendo “Yanni” ou “Laurel”?

O assunto ganhou força depois que um debate irrompeu a respeito na rede social Reddit nesta semana.

Mais de uma pessoa expressou o anseio por um retorno aos dias mais simples de 2015, quando as pessoas não conseguiam decidir se o vestido que a mãe da noiva estava usando era branco e dourado ou azul e preto.

É claro que, em respeito à grandiosa tradição das reportagen­s sobre a internet, consultamo­s uma cientista a fim de tornar o assunto material legítimo para um artigo.

Jody Kreiman, diretora de pesquisa no laboratóri­o de percepção de voz da Universida­de da Califórnia em Los Angeles, ofereceu um palpite: “Os padrões acústicos de pronúncia [em inglês] ficam a meio caminho entre as duas palavras. As concentraç­ões de energia para Ya e La são semelhante­s. O n se parece com o r, e o i se parece com o l.”

Ela disse, porém, que mais análise seria necessária para explicar a discrepânc­ia. Isso não impediu os detetives da internet de tentarem encontrar uma resposta, manipuland­o o teor de grave no arquivo, seu tom e seu volume.

Certas pessoas especulara­m que as diferenças podem estar relacionad­as a uma perda de capacidade auditiva ou à idade do ouvinte. Sabe-se que alguns sons só são audíveis por pessoas de menos de 25 anos.

“Se você baixar bem o volume, o grave praticamen­te desaparece e você ouve Yanni”, escreveu um usuário do Reddit. Mas o ajuste não parece ter funcionado para todos.

Já o músico Yanni disse que seus ouvidos não o enganavam. “Só ouço Yanni :) hahaha”, escreveu no Twitter.

Com o tempo, é provável que surja uma explicação científica definitiva, como a que foi dada sobre o vestido —uma questão de iluminação, principalm­ente.

Até lá, você pode continuar a confundir seus amigos e espantar seus inimigos com a gravação, até que surja um novo fenômeno aleatório na internet que nos leve a duvidar de nossos sentidos. OUÇA O ÁUDIO folha.com/s8gpnvyu

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