Vítimas de médico nos EUA receberão R$ 1,8 bi
nova york As vítimas de Larry Nassar, médico da Universidade Estadual do Michigan e da equipe olímpica de ginástica dos EUA, receberão US$ 500 milhões (cerca de R$ 1,8 bilhão) da universidade, segundo acordo anunciado nesta quarta (16).
Ele foi condenado à prisão por cometer abuso sexual contra diversas mulheres enquanto lhes ministrava supostos tratamentos médicos.
O acordo, com advogados que representam 332 das vítimas de Nassar, foi aprovado pelos membros do conselho da universidade.
“Esse acordo histórico surgiu por conta da bravura de mais de 300 mulheres e meninas que tiveram a coragem de se pronunciar, e se recusaram a ser silenciadas”, disse John Manly, advogado de vítimas.
“Todas as sobreviventes esperam sinceramente que o legado desse acordo seja uma ampla reforma institucional que ponha fim à ameaça de assédio sexual nos esportes, escolas e sociedade”, afirmou.
Nassar, preso em penitenciária federal, abusou durante anos de meninas e jovens mulheres a quem atendia na função de médico universitário e da equipe de ginástica.
Sua condenação e a sentença que recebeu de um tribunal estadual americano este ano atraíram atenção internacional, e centenas de vítimas descreveram abusos sofridos.
O caso abalou a Universidade Estadual de Michigan e levou a acusações de que a universidade encobriu delitos e ignorou repetidas queixas sobre seu comportamento.
As consequências do escândalo incluíram a renúncia do reitor da universidade e investigação criminal pelo departamento estadual de Justiça.
“A Universidade Estadual do Michigan está satisfeita por poder anunciar que chegamos a acerto em princípio sobre um acordo justo para as sobreviventes dos crimes de Nassar”, disse Robert Young, advogado da universidade.
“Apreciamos o esforço que as duas partes dedicaram à mediação, e os esforços do mediador, que atingiu resultados responsáveis”, afirmou.
Amanda Thomashow, que denunciou abusos de Nassar à universidade em 2014, declarou nesta quarta que sua esperança é que o acordo leve a mudanças de cultura e a uma virada no diálogo nacional sobre abuso sexual.
“Creio que seja um passo na direção da cura, para mim e para todas as corajosas sobreviventes que contaram sua verdade”, disse Thomashow. “Mas também acredito que haja muito mais trabalho a fazer, nesta universidade e em universidades de todo o país”.
O acordo desta quarta só envolve queixas contra a universidade. Processos contra a federação de ginástica dos EUA e o comitê olímpico do país continuam em curso.