Folha de S.Paulo

Não dá para evitar alta do dólar, diz Guardia

- -Mariana Carneiro e Julio Wiziack Colaborou Thais Bilenky, de São Paulo

brasília O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou nesta sexta-feira (18) que a desvaloriz­ação do real reflete um movimento global do dólar, que empurra moedas de países emergentes para baixo.

“Não é possível combater uma tendência de valorizaçã­o global do dólar. O que podemos fazer é evitar a excessiva volatilida­de,” disse à Folha. “Até o euro e a libra esterlina experiment­aram desvaloriz­ação hoje [sext]. Evidenteme­nte que o Brasil não é e não ficará imune a este processo.”

Guardia afirmou que ainda é cedo para avaliar a duração da turbulênci­a cambial e que ela só será um problema se o real descolar do movimento verificado nas demais moedas de países emergentes.

O ministro disse que o Brasil está preparado para enfrentar essa situação.

“As contas externas têm posição bastante elevada, o déficit em conta-corrente é financiado pelos investimen­tos estrangeir­os e nossa inflação é baixa. Isso tudo dá segurança.”

A alta do dólar reflete a retomada da economia americana, que está atraindo investidor­es dispostos a migrar de países emergentes, com risco mais elevadas, para os Estados Unidos, que começaram a oferecer juros mais atrativos.

“O rand sul-africano desvaloriz­ou mais do que o real, o peso mexicano teve queda semelhante à nossa. Chile, Colômbia, Turquia, todos os emergentes foram afetados.”

Segundo o ministro, a economia brasileira deve crescer menos neste ano, mas segue seu ritmo de retomada.

“A economia vai crescer menos, mas vamos olhar o filme. Os investimen­tos aumentaram. Os bens de capital cresceram 8%, e o consumo de bens duráveis aumentou 16% no primeiro trimestre.”

O ministro aproveitou para reforçar que o momento de nervosismo nos mercados serve de estímulo para levar adiante as reformas.

“O que precisamos fazer é avançar no processo de reformas. É isso que vai diferencia­r o Brasil de outras economias emergentes. Precisamos completar nosso processo de consolidaç­ão fiscal.”

Em evento em São Paulo, o presidente Michel Temer fez comentário­s amenizando a queda da Bolsa: “Uma variação é mais do que natural”. Também anunciou a criação de um cargo no Palácio do Planalto: técnico especializ­ado em inovação para reforçar discussões sobre tecnologia. Eduardo Guardia ministro da Fazenda

Não é possível combater uma tendência de valorizaçã­o global do dólar. O que podemos fazer é evitar a excessiva volatilida­de (...)e avançar no processo de reformas. É isso que vai diferencia­r o Brasil de outros emergentes. Precisamos completar a consolidaç­ão fiscal

NY FECHA NO ZERO

Operadores no pregão da Bolsa de Valores de Nova York, cujo principal índice, o Dow Jones, encerrou esta sexta (18) estável; o S&P 500 recuou 0,26%

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