Folha de S.Paulo

Sucesso ‘A Parte que Falta’ ganha continuaçã­o

Segundo volume do livro infantil tem missão de repetir as vendas do primeiro, que teve 30 mil exemplares impressos

- -Bruno Molinero

são paulo Faz três meses que um vídeo inundou as redes sociais da designer Mariana Gomes, 29. Logo que apertou o play, a youtuber Jout Jout surgiu em primeiro plano e, em pouco mais de oito minutos, leu de cabo a rabo o livro infantil “A Parte que Falta”, do americano Shel Silverstei­n, morto em 1999.

“Não é só para crianças. A história encanta qualquer adulto sensível”, diz ela, que logo mudou de aba no navegador e comprou pela internet o livro para a filha, Flora, 6. “Sinto como se fosse nosso. Eu e ela nos divertimos juntas.”

Mariana não mergulhou apenas na história mas ajudou a dar números a uma maré. Foram 4,5 milhões de visualizaç­ões do vídeo, o que ajudou “A Parte que Falta” a se tornar o mais novo best-seller do momento no país.

Na Amazon, o livro liderou os mais vendidos. A Companhia das Letrinhas, que publicou a história, estima que os pedidos aumentaram cem vezes nas livrarias e imprimiu 30 mil exemplares —um título que vende 3.000 cópias já é considerad­o bem-sucedido.

Para não perder a crista do sucesso, a editora se apressou em lançar a continuaçã­o: “A Parte que Falta Encontra o Grande O”, que saiu no fim de abril, já com tiragem de 15 mil exemplares. Todos vêm com uma sobrecapa vermelha onde está estampada uma frase promociona­l de Jout Jout.

A empresa não divulgou quanto a youtuber recebeu por isso e afirma que a indicação do primeiro volume da série foi espontânea. Vale lembrar que Jout Jout lançou “Tá Todo Mundo Mal” pela Companhia das Letras em 2016.

Para Mell Brites, editora da Companhia das Letrinhas, contudo, “a repercussã­o só foi tão grande porque o livro é bom e conversa com públicos variados”.

Essa é parte da essência de Silverstei­n. Seus livros são feitos sempre em camadas de leitura, em que as mais superficia­is divertem crianças, enquanto as mais profundas colocam adultos para pensar.

Em “A Parte que Falta”, um personagem que parece o PacMan procura o pedaço que pode preenchê-lo. Já em “A Parte que Falta Encontra o Grande O”, a narrativa é espelhada. É a partezinha que procura uma bolota para chamar de sua.

Apesar da fama recente, os dois já haviam sido publicados no Brasil pela extinta Cosac Naify nos anos 2000, ao lado de outras cinco histórias de Silverstei­n. A Companhia das Letrinhas relançou quatro.

Além dos dois já citados, saíram no ano passado “Uma Girafa e Tanto” e “A Árvore Generosa”. O primeiro é um poema que flerta com o nonsense. O segundo fala da relação entre um garoto e a árvore que tenta agradá-lo. No Brasil, a tradução é de Fernando Sabino.

No segundo semestre, chegará às livrarias “Leocádio, o Leão que Mandava Bala”. Em 2019, “Fuja do Garabuja” e “Quem Quer Este Rinoceront­e”. Mas ainda há seis inéditos por aqui. “Temos a intenção de publicá-los”, diz Mell Brites.

Aí, quem sabe, Flora diversifiq­ue as suas leituras. “Já sei ‘A Parte que Falta’ de cor. Toda noite ela pede”, conta Mariana.

A Parte que Falta Encontra o Grande O

Shel Silverstei­n. Tradução de Alípio Correa de Franca Neto. Companhia das Letrinhas. R$ 44,90 (120 págs.)

NEGRI E TINOCO PRODUÇÕES

BIBI FERREIRA!

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Divulgação Ilustração de ‘A Parte que Falta Encontra o Grande O’
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