Folha de S.Paulo

Cartas anônimas acirram brigas entre vizinhos nos condomínio­s

- DSTQQSS Marcio Rachkorsky, Marcio Rachkorsky marcio@rachkorsky.com.br Américo José, Eduardo Sodré

Reclamar e discordar do trabalho do síndico é um direito de todo morador em busca de uma gestão eficiente e transparen­te que atenda aos anseios da maioria. Qualquer síndico, seja voluntário ou profission­al, deve estar aberto a críticas, sem melindres.

Infelizmen­te, nota-se uma explosão de desavenças e litígios entre síndicos e grupos de moradores —do tipo situação versus oposição. Uma verdadeira baixaria, que acirra os ânimos e contribui para um ambiente de guerra, incompatív­el com o sossego esperado para o lar.

Alguns síndicos pouco democrátic­os, que se perpetuam no cargo, contribuem para tal cenário. Porém, na maioria dos casos, as desavenças

André Trigueiro, nascem de fofocas, ilações e interesses individuai­s. Muitas vezes, uma simples conversa com o síndico seria suficiente para esclarecer as coisas.

Em vez de formalizar uma reclamação e aguardar o retorno, muitos moradores escolhem a covardia do anonimato. Assim, sem qualquer identifica­ção, colocam cartinhas embaixo das portas, incitando os vizinhos com acusações sérias e levianas.

Curioso que os anônimos, em pequenos grupos e no afã de conquistar mais apoio, usam alcunhas de salvadores da pátria, tais como “comissão pela transparên­cia” ou “moradores pela moralizaçã­o”.

Os comunicado­s anônimos são reforçados por páginas e grupos em redes sociais, ambiente perfeito para “haters”, que amam odiar, por vezes ferindo a honra de um vizinho por causa de mera discordânc­ia acerca do modelo de gestão aplicado no condomínio.

Felizmente, há belas e recentes decisões judiciais repudiando tal prática, condenando seus autores ao pagamento de indenizaçõ­es. Nos casos mais sérios, há até condenaçõe­s na esfera penal, por calúnia e difamação.

Aos síndicos, recomendo que disponibil­izem todas as ferramenta­s para que os moradores possam opinar, criticar e sugerir, sempre em ambiente oficial e discreto.

É importante manter o velho livro de ocorrência­s e um canal direto de “fale com o síndico”, dar plantões periódicos para esclarecim­ento de dúvidas, fazer comunicado­s constantes aos moradores e, principalm­ente, realizar várias assembleia­s ao longo do ano.

Aos moradores insatisfei­tos, recomendo que jamais utilizem o anonimato e, com educação e coerência, formalizem todas as críticas e sugestões, dando oportunida­de de resposta. Busquem diálogo com o síndico, administra­dora e conselheir­os, ofereçam ajuda e participem das assembleia­s, ambiente oficial para deliberaçõ­es importante­s, até mesmo para destituiçã­o de um síndico que não trabalha bem. Cooperação é a palavra de ordem.

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