Folha de S.Paulo

Mudanças táticas definiram times vencedores

Formações também possibilit­aram equipes organizada­s, de menor recurso técnico, conquistar­em a Copa do Mundo

- ITÁLIA 1934 | 2-3-5 ITÁLIA 1938 | 2-3-5 BRASIL 1962 | 4-3-3 BRASIL 1970 | 4-3-3 ALEMANHA 1974 | 4-3-3 ARGENTINA 1978 | 4-3-3

são paulo Não foram só os equipament­os, os jogadores e os negócios que passaram por transforma­ções ao longo das Copas. Os sistemas táticos também foram aprimorado­s e ajudaram técnicos na formação de equipes vitoriosas.

Craques decidem Mundiais, mas na história do maior torneio de futebol, conjuntos bem organizado­s superaram adversário­s mais talentosos, como mostra o colunista da Folha Paulo Vinícius Coelho, o PVC, no infográfic­o abaixo.

A seleção da Alemanha é um exemplo disso. Na primeira conquista alemã, em 1954, a equipe jogava no WM. Os três zagueiros e a marcação homem a homem pararam a seleção húngara de Puskás, sensação do Mundial.

Apesar do sucesso tardio em Copas, o WM é considerad­o a primeira evolução tática do futebol, que antes era jogado com cinco atacantes.

Os sistemas táticos também foram importante­s para transforma­r elencos talentosos em verdadeira­s máquinas de ganhar campeonato­s.

Na formação 4-2-4 do técnico Vicente Feola, o Brasil de Era do ataque

Sistema com cinco atacantes, o 2-3-5 vence os três primeiros Mundiais

URUGUAI 1930 | 2-3-5

O futebol inglês modernizav­a o jogo com o WM, criado pelo técnico escocês Herbert Chapman. Já o Uruguai continuava usando o esquema de antes da mudança da lei do impediment­o. Até 1925, o jogador estaria impedido se não houvesse ao menos três jogadores entre ele a linha de fundo O técnico Vittorio Pozzo viajava pela Europa para assistir aos principais jogos. Mesmo assim, ainda não estava convencido de que deveria jogar no WM. A Itália marcava homem a homem, sua tradição até os anos 1980. Parecia fazer pouca diferença ter dois zagueiros na primeira linha ou três Vittorio Pozzo manteve-se no cargo, mas mudou a equipe. O envelhecim­ento dos campeões de 1934 causou a troca de nove titulares, mas manteve-se o 2-3-5. Giuseppe Meazza, maior talento do futebol italiano antes da II Guerra Mundial, esteve novamente presente na conquista da Azurra Triunfo tardio da evolução de 1925

Esquema criado por Champman, o WM conquista duas Copas, uma delas com a Alemanha, quando a Hungria encantava e apresentav­a o falso 9 ao mundo Pelé, Didi e Garrincha conquistou a Copa de 1958, na Suécia. Já no Mundial seguinte, no Chile, a seleção brasileira inovou mais uma vez, e Zagallo era a peça chave.

Com Aymoré Moreira no comando, o jogador atuou como terceiro homem de meio de campo, com trocas constantes de posição que davam liberdade a Pelé (depois Amarildo) no primeiro esboço de 4-3-3 campeão do mundo.

O 3-5-2, com um meio-campo povoado, foi uma inovação tática vitoriosa em Mundiais.

Com ele, a Itália parou o talentoso Brasil de 1982, a Argentina deu liberdade a Maradona quatros anos depois e a Alemanha de Matthaus levou o tri em 1990. O Brasil de 2002 ganhou assim também, mas era mais versátil.

Nas últimas duas Copas, Espanha (4-2-3-1) e Alemanha (4-1-4-1) mostraram a importânci­a de se ter equipes com linhas compactas e que marcam o adversário muitas vezes pressionan­do a saída de bola.

Os sistemas viraram referência para clubes e seleções de todo o mundo. O Brasil de Tite no 4-1-4-1 é um exemplo. Inovação à brasileira

Sistema 4-2-4 da seleção em 1958 é novidade. Zagallo é o ponta, mas quatro anos mais tarde, no Chile, recua para compor o meio campo num 4-3-3

BRASIL 1958 | 4-2-4

Na formação do técnico Vicente Feola, Zagallo jogava como um ponta-esquerda de verdade. Era o 4-2-4, como o que Feola aprendeu com Bela Gutman, de quem foi assistente no São Paulo campeão paulista de 1957. Gutman havia trabalhado na comissão técnica da seleção húngara de 1954 Zagallo fazia o terceiro homem de meio-de-campo. Já era a “formiguinh­a”, jogador da troca de posições constantes, que liberava Pelé para virar atacante. Era a posição chamada de ponta de lança naquele período. O Brasil ficou com o troféu no primeiro esboço de 4-3-3 vencedor de Copa O Brasil recuava sem a bola, num estilo moderno que o então técnico Zagallo impôs à equipe. Rivellino voltava pela esquerda, Jairzinho pela direita, Pelé pelo centro, Tostão na frente. O sistema mais perto de ser definido é o 4-3-3, mas até parece o conhecido como 4-2-3-1 no século 21

Foi a Copa do futebol total, da Holanda de Rinus Michels e de Cruyff. Mas a campeã foi a Alemanha Ocidental, que perdeu da Alemanha Oriental na fase de grupos, supostamen­te para escapar de brasileiro­s, holandeses e argentinos na fase seguinte. Isto à parte, o 4-3-3 alemão era muito forte A Argentina do técnico Cesar Luis Minotti jogava num 4-3-3, com o ponta-esquerda Ortiz voltando pela esquerda e liberando o ponta de lança Mario Kempes para se aproximar do centroavan­te Luque. Foi assim que os argentinos venceram os holandeses e conquistar­am, em casa, sua primeira Copa

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Reprodução Seleção italiana posa para a foto do título mundial de 1938, conquistad­o na França
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