Mudanças táticas definiram times vencedores
Formações também possibilitaram equipes organizadas, de menor recurso técnico, conquistarem a Copa do Mundo
são paulo Não foram só os equipamentos, os jogadores e os negócios que passaram por transformações ao longo das Copas. Os sistemas táticos também foram aprimorados e ajudaram técnicos na formação de equipes vitoriosas.
Craques decidem Mundiais, mas na história do maior torneio de futebol, conjuntos bem organizados superaram adversários mais talentosos, como mostra o colunista da Folha Paulo Vinícius Coelho, o PVC, no infográfico abaixo.
A seleção da Alemanha é um exemplo disso. Na primeira conquista alemã, em 1954, a equipe jogava no WM. Os três zagueiros e a marcação homem a homem pararam a seleção húngara de Puskás, sensação do Mundial.
Apesar do sucesso tardio em Copas, o WM é considerado a primeira evolução tática do futebol, que antes era jogado com cinco atacantes.
Os sistemas táticos também foram importantes para transformar elencos talentosos em verdadeiras máquinas de ganhar campeonatos.
Na formação 4-2-4 do técnico Vicente Feola, o Brasil de Era do ataque
Sistema com cinco atacantes, o 2-3-5 vence os três primeiros Mundiais
URUGUAI 1930 | 2-3-5
O futebol inglês modernizava o jogo com o WM, criado pelo técnico escocês Herbert Chapman. Já o Uruguai continuava usando o esquema de antes da mudança da lei do impedimento. Até 1925, o jogador estaria impedido se não houvesse ao menos três jogadores entre ele a linha de fundo O técnico Vittorio Pozzo viajava pela Europa para assistir aos principais jogos. Mesmo assim, ainda não estava convencido de que deveria jogar no WM. A Itália marcava homem a homem, sua tradição até os anos 1980. Parecia fazer pouca diferença ter dois zagueiros na primeira linha ou três Vittorio Pozzo manteve-se no cargo, mas mudou a equipe. O envelhecimento dos campeões de 1934 causou a troca de nove titulares, mas manteve-se o 2-3-5. Giuseppe Meazza, maior talento do futebol italiano antes da II Guerra Mundial, esteve novamente presente na conquista da Azurra Triunfo tardio da evolução de 1925
Esquema criado por Champman, o WM conquista duas Copas, uma delas com a Alemanha, quando a Hungria encantava e apresentava o falso 9 ao mundo Pelé, Didi e Garrincha conquistou a Copa de 1958, na Suécia. Já no Mundial seguinte, no Chile, a seleção brasileira inovou mais uma vez, e Zagallo era a peça chave.
Com Aymoré Moreira no comando, o jogador atuou como terceiro homem de meio de campo, com trocas constantes de posição que davam liberdade a Pelé (depois Amarildo) no primeiro esboço de 4-3-3 campeão do mundo.
O 3-5-2, com um meio-campo povoado, foi uma inovação tática vitoriosa em Mundiais.
Com ele, a Itália parou o talentoso Brasil de 1982, a Argentina deu liberdade a Maradona quatros anos depois e a Alemanha de Matthaus levou o tri em 1990. O Brasil de 2002 ganhou assim também, mas era mais versátil.
Nas últimas duas Copas, Espanha (4-2-3-1) e Alemanha (4-1-4-1) mostraram a importância de se ter equipes com linhas compactas e que marcam o adversário muitas vezes pressionando a saída de bola.
Os sistemas viraram referência para clubes e seleções de todo o mundo. O Brasil de Tite no 4-1-4-1 é um exemplo. Inovação à brasileira
Sistema 4-2-4 da seleção em 1958 é novidade. Zagallo é o ponta, mas quatro anos mais tarde, no Chile, recua para compor o meio campo num 4-3-3
BRASIL 1958 | 4-2-4
Na formação do técnico Vicente Feola, Zagallo jogava como um ponta-esquerda de verdade. Era o 4-2-4, como o que Feola aprendeu com Bela Gutman, de quem foi assistente no São Paulo campeão paulista de 1957. Gutman havia trabalhado na comissão técnica da seleção húngara de 1954 Zagallo fazia o terceiro homem de meio-de-campo. Já era a “formiguinha”, jogador da troca de posições constantes, que liberava Pelé para virar atacante. Era a posição chamada de ponta de lança naquele período. O Brasil ficou com o troféu no primeiro esboço de 4-3-3 vencedor de Copa O Brasil recuava sem a bola, num estilo moderno que o então técnico Zagallo impôs à equipe. Rivellino voltava pela esquerda, Jairzinho pela direita, Pelé pelo centro, Tostão na frente. O sistema mais perto de ser definido é o 4-3-3, mas até parece o conhecido como 4-2-3-1 no século 21
Foi a Copa do futebol total, da Holanda de Rinus Michels e de Cruyff. Mas a campeã foi a Alemanha Ocidental, que perdeu da Alemanha Oriental na fase de grupos, supostamente para escapar de brasileiros, holandeses e argentinos na fase seguinte. Isto à parte, o 4-3-3 alemão era muito forte A Argentina do técnico Cesar Luis Minotti jogava num 4-3-3, com o ponta-esquerda Ortiz voltando pela esquerda e liberando o ponta de lança Mario Kempes para se aproximar do centroavante Luque. Foi assim que os argentinos venceram os holandeses e conquistaram, em casa, sua primeira Copa