Folha de S.Paulo

Procura pela esfera perfeita pautou evolução das bolas

No início feito de couro animal, equipament­o atualmente vem até com chip

- -Alberto Nogueira

são paulo O boleiro raiz pode até dizer que a bola de futebol não mudou muito desde os primórdios do esporte e continua sendo redonda.

Apesar disso, a busca pela esfera perfeita foi um dos fatores que pautou a evolução da tecnologia das bolas.

Nos primórdios das Copas do Mundo, as bolas mantinham poucos padrões.

Na final de 1930 entre Uruguai e Argentina, o primeiro tempo foi disputado com a Tiento, dos argentinos, e o segundo com a T-model, preferida dos uruguaios.

A seleção argentina encerrou a primeira etapa vencendo por 2 a 1, mas tomou a virada com a bola dos rivais: 4 a 2.

Com várias costuras e feitas de couro animal, a bola pouco resistia às intempérie­s de uma partida de futebol, ainda mais sendo chutada para lá e para cá a toda força, mudando de formato e peso.

Uma das primeiras inovações aconteceu em 1970 quando a Adidas fechou parceria com a Fifa para fornecer as bolas oficiais do Mundial —o que se mantém até hoje. Depois disso, o equipament­o passou a manter um padrão e a evoluir de forma linear.

Composta por 12 pentágonos pretos e 20 hexágonos brancos, a Telstar —nome da bola da Copa de 1970— era mais visível nas transmissõ­es de TV, numa época em que imagens em preto e branco eram mais comuns.

Segundo Bruno Almeida, gerente sênior de relações públicas da Adidas no Brasil, até 1994, as bolas tiveram poucas inovações —exceção feita à substituiç­ão do couro animal pelo 100% sintético, em 1986.

No entanto, a Tricolore, bola da Copa do Mundo de 1998, na França, pode ser considerad­a um marco. Ela trazia uma camada de espuma sintética, que a tornava mais macia, e microbolha­s de gás que melhoravam sua velocidade e precisão.

A esfera perfeita só foi alcançada, segundo a Adidas, com a Jabulani, bola da Copa de 2010, na África do Sul, que não tinha gomos costurados .

“A bola é horrível, horrorosa. Parece com aquelas bolas que você compra em supermerca­do”, afirmou Julio Cesar na época.

Casillas, da Espanha, Felipe Melo, Luis Fabiano e Julio Baptista e Robinho fizeram coro ao goleiro da seleção brasileira em 2010.

A Jabulani foi criticada por sua instabilid­ade aerodinâmi­ca e pela velocidade maior de deslocamen­to em relação às antecessor­as.

“A Brazuca (2014) não mudou muita coisa em relação à Jabulani. E não houve reclamaçõe­s, pois é uma questão de costume”, afirma Almeida.

A Telstar 18 —uma homenagem a bola do Mundial de 1970, segundo a fabricante—, que rolará pelos gramados russos, traz como principal novidade a tecnologia NFC (Comunicaçã­o de Campo Próximo), que permite interação de usuários via smartphone­s.

O porta-voz da companhia diz que, além de geolocaliz­ação, a tecnologia presente em um chip dentro da bola poderá calcular a velocidade e distância percorrida por ela, entre outros dados.

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