Av. dos Autonomistas foi ponto de partida de expedições bandeirantes
No século 17, Raposo Tavares morou na área onde é hoje a principal via de Osasco RAÍZES
são paulo Hoje a segunda maior economia do estado de São Paulo e a oitava maior do país, Osasco só se tornou oficialmente um município em 1962, após a realização de um plebiscito exigido pelo Movimento dos Autonomistas, que dá nome à principal avenida da cidade.
A história de Osasco e do seu crescimento, contudo, começou séculos antes disso. Foi na região da avenida dos Autonomistas, por exemplo, mais precisamente onde hoje se encontra o quartel do 4º Batalhão de Infantaria Leve, que residiu, no século 17, o bandeirante Antônio Raposo Tavares (1598-1659), no agrupamento então conhecido como vila da Quitaúna, mesmo nome do bairro que hoje lá se encontra.
Foi a partir dali que Raposo Tavares partiu para suas bandeiras rumo a diferentes localidades do Brasil, deMato Grosso a Pernambuco, chegando até Belém (PA), em 1651.
O próprio quartel, construído há 95 anos, guarda em sua história encontros com personalidades importantes.
“Um dos principais artífices da sua construção foi o marechal Cândido Rondon”, conta o secretário de Cultura de Osasco, Sebastião Bognar, referindo-se ao militar sertanista responsável pelo desbravamento de boa parte do oes- te brasileiro. “Até o presidente Epitácio Pessoa apareceu no dia da inauguração.”
Foi em volta da avenida dos Autonomistas que a cidade acabou se concentrando e crescendo. “É a nossa principal avenida há alguns séculos, desde quando era conhecida como estrada de Itu”, diz Bognar, fazendo referência à época em que a via era uma importante ligação com o interior do estado.
Também foi por ali que se instalou aquele que é considerado o fundador da cidade. Nascido em Osasco, mas na homônima italiana que fica região do Piemonte, Antônio Agu (1845-1909) comprou terras, construiu sua casa, fundou uma olaria e, em 1895, ergueu uma estação ferroviária que batizou em homenagem a sua cidade natal. Tudo isso na atual região da Autonomistas.
“O Antônio Agu era um homem visionário”, diz Bognar. “Os tijolos que ele fabricava na olaria aqui em Osasco foram utilizados na construção de algumas obras importantes de São Paulo, como o colégio Dante Alighieri e a Santa Casa de Misericórdia.”
Se já havia servido como ponto de partida para expedições que iam Brasil adentro, o céu parecia ser o limite para aquela região próxima das margens do rio Tietê.
E, de certa forma, foi mesmo. Dos fundos do Chalé Bricola, construído no final do século 19 quando se pensava que a região tinha vocação para estação de veraneio, partiu aquele que seria o primeiro voo feito na América do Sul. No lugar, hoje fica o Museu de Osasco (av. dos Autonomistas, 4.001), um dos principais pontos turísticos da cidade.
Realizado em 1910 pelo francês Dimitri Sensaud de Lavaud (1882-1947) —o pai de Dimitri era dono do Chalé Bricola—, naquele que é considerado o primeiro avião nacional, o voo que partiu da estrada de Itu é uma espécie de espelho daquele realizado pelo brasileiro Santos Dumont no francês campo de Bagatelle, cerca de quatro anos antes.
No Brasil, contudo, nenhuma estrada jamais havia levado até tão longe.