Folha de S.Paulo

Dólar alto ainda não impede compras nos Estados Unidos

Alguns produtos, como eletrônico­s, têm preços mais vantajosos no exterior

- Sim Natália Portinari e Joana Cunha

Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Não são paulo O dólar alto ainda não inviabiliz­ou as compras de quem vai viajar para os Estados Unidos, ao menos nos itens mais desejados, como eletrônico­s e enxoval de bebê.

A Folha comparou preços de 48 produtos nos Estados Unidos e no Brasil, consideran­do o Imposto sobre Operações Financeira­s de 6,38%. Da lista de compras analisadas, 33 são boas opções para quem vai viajar para fora, e 15 são mais baratas no Brasil.

Os eletrônico­s comparados pela reportagem são 63% mais caros no Brasil, mesmo em um cenário em que o dólar de turismo chegou a R$ 4 em casas de câmbio de São Paulo na sexta-feira (18).

Celulares importados, como o iPhone, não são contemplad­os pela Lei do Bem, que reduz a zero a alíquota de PIS/ Cofins de eletrônico­s —ou seja, são muito mais caros do que os produzidos no Brasil.

Por outro lado, perfumes, por terem uma margem de diferença pequena de preço entre aqui e os Estados Unidos, são os primeiros itens que podem ser descartado­s das compras de viagem —em média, são 4% mais baratos no Brasil.

O Carolina Herrera Good Girl, por exemplo, é 21% mais barato no site da Sephora brasileira do que no norte-americano. Já cosméticos, como batom e delineador­es, ainda compensam, mas alguns têm uma vantagem pequena, como o batom matte da M.A.C..

“De maneira geral, ainda vale a pena comprar lá fora”, diz Marcel Balassiano, pesquisado­r de economia da FGV. “Aqui há uma elevada carga tributária que interfere muito.”

Balassiano aconselha os futuros turistas a comprar dólar aos poucos, para não serem pegos de surpresa pelo câmbio às vésperas da viagem.

Mesmo alto, o dólar ainda não assustou quem está viajando para os Estados Unidos em busca de pechinchas, segundo a “personal shopper” Priscila Goldenberg, que ajuda casais a montarem o enxoval de bebê em Miami.

“Só quando chegar a R$ 5 vai deixar de valer a pena vir para cá. Compensa para comprar carrinho, babá eletrônica, móbile, bomba para tirar leite, roupas”, diz Goldenberg, que atende 100 casais por mês.

Nos produtos para bebês, os preços são 80% maiores em lojas brasileira­s como Alô Bebê e Amar Amar. A cadeirinha Skip Hop, por exemplo, sai por R$ 1.698 no Brasil e R$ 507 nos Estados Unidos, incluindo o o IOF do cartão.

O limite de isenção tributária para compras de turistas brasileiro­s nos Estados Unidos é de US$ 500 (quase R$ 2 mil pela cotação ao final da semana passada).

“Tenho uma cliente que me disse outro dia: compro nos Estados Unidos porque sou pobre. Se fosse rica, comprava no Brasil”, diz Goldenberg. Dependendo do tipo de produto, preços são maiores no Brasil que nos Estados Unidos

Suplemento (vitamina, Whey)

motivo para o encurtamen­to das viagens foi a alta do dólar. Para economizar, os passageiro­s já começam a cortar dias de lazer, escolher hotéis mais baratos e buscar promoções.

Emerson Amaral, diretor de uma das empresas de viagens do Grupo Flytour, afirma que a oscilação recente ainda não é drástica a ponto de provocar cancelamen­to de pacotes que já estavam contratado­s. Para os clientes novos, as duas últimas semanas foram de espera ou corte de custos, a depender do perfil do viajante.

“Quem ainda está fazendo cotação resolveu esperar. Faz muita reserva mas fica um pouco no ‘stand-by’. Quem já tem data de férias definidas e realmente quer ir corta o número de dias. Se ia ficar dez dias encurta para oito”, diz Amaral.

Viagens para destinos brasileiro­s, alternativ­a em tempos de dólar alto, não se destacaram ainda, segundo Aldo Leone Filho, sócio da Agaxtur.

“Julho é inverno no Brasil e chove no Nordeste. O que estamos vendo agora é um aumento da procura por Bariloche. Fazia uns quatro anos que não vendia tanto Bariloche quanto agora. A turma está vendo que o câmbio baixou na Argentina e está indo para lá”, diz o empresário.

Emerson Belan, diretor-geral da CVC, afirma que a empresa já vinha se adequando com o lançamento de pacotes mais curtos para responder à tendência prevista pelo fracioname­nto de férias.

“Ajustamos para a próxima temporada os roteiros de navio para quatro ou oito dias. Lançamos frete de sete dias para Jericoacoa­ra (CE), mas tem pacote até com quatro dias”, diz Belan.

Nas últimas semanas, a CVC lançou um roteiro com destino a Dubai, para onde são necessária­s cerca de 15 horas de voo do Brasil, para ficar apenas sete dias em um navio.

O executivo afirma que as viagens internacio­nais estão crescendo a taxas mais baixas hoje do que há um mês.

A Submarino Viagens afirma que aumentou o volume de pesquisa e preços e decidiu intensific­ar as promoções para resgatar o viajante espantado pelo câmbio.

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