Folha de S.Paulo

De carona com Bolsonaro

- Bruno Boghossian helio@uol.com.br

brasília Abrigado em um partido nanico, Jair Bolsonaro (PSL) aceitou jogar com as cartas da política tradiciona­l. O líder da corrida ao Planalto intensific­ou seus contatos com o PR do ex-deputado Valdemar Costa Neto em busca de musculatur­a partidária e tempo de TV para tornar sua candidatur­a mais competitiv­a.

Bolsonaro garante que não se sentou para negociar com o chefão do PR, condenado no mensalão por receber dinheiro para apoiar o governo Lula. Mas dois emissários do presidenci­ável do PSL estiveram com Valdemar na última semana para discutir uma possível aliança.

O acordo seduz o grupo do ex-capitão porque elevaria sua candidatur­a a um novo patamar, graças ao espaço do PR na televisão. Bolsonaro, nesse caso, pode ser convencido a amenizar seu discurso estridente contra a classe política e a corrupção.

Em um PSL mirrado, o presidenci­ável teria oito segundos em cada bloco da propaganda eleitoral —menos do que o folclórico Enéas teve na campanha de 1989. O PR pode catapultar esse tempo para 52 segundos. Bolsonaro ficaria atrás de boa parte de seus adversário­s, mas conseguiri­a chamar a atenção de mais eleitores.

Embora a aproximaçã­o esteja em fase inicial, as conversas ultrapassa­ram as bases do PR e chegaram à cúpula da legenda. Há poucos meses, o namoro se restringia à ala do partido ligada à bancada da bala.

Segundo dirigentes, Valdemar ainda resiste a preencher a vaga de vice de Bolsonaro com o senador Magno Malta (PR-ES), mas já enxerga benefícios em uma aliança mais discreta. Ele acredita que a sigla pode pegar carona na popularida­de do ex-capitão para eleger deputados e ampliar sua bancada na Câmara de 41 para 50.

Em 1994, Valdemar enterrou a candidatur­a de Flávio Rocha ao Planalto no meio da campanha para apoiar Fernando Henrique Cardoso. Quatro anos depois, irritado com a falta de cargos no governo, aliou-se a Ciro Gomes. Derrotado, voltou à base de FHC, mas rompeu de novo em 2002 para indicar o vice de Lula, José Alencar. O dono do PR é pragmático.

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