Folha de S.Paulo

Temer desiste de reeleição e lança Meirelles

Com baixa popularida­de, presidente anuncia que não será candidato e que MDB disputará Planalto com o ex-ministro

- -Talita Fernandes e Bernardo Caram

brasília O presidente Michel Temer aproveitou evento organizado pelo MDB para oficializa­r sua desistênci­a em disputar novo mandato e anunciar o nome do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles como candidato da sigla.

“Nós chamamos você para ser presidente do Brasil”, disse Temer ao terminar seu discurso em evento do MDB, em Brasília, para o lançamento do documento “Encontro com o Futuro”.

Há menos de dois meses, os dois estiveram juntos no mesmo local, na sede do partido em Brasília, quando foram anunciados como uma dupla de pré-candidatos. Desta vez, o jingle “M de Michel, M de Meirelles, M de MDB”, feito para a filiação de Meirelles, em 3 de abril, não foi tocado.

Os rostos de ambos também ficaram de fora do painel principal colocado no palco de onde discursara­m.

Temer não fez nenhuma menção direta à sua desistênci­a. Ele apenas confirmou que o ex-ministro é quem representa­rá seu partido na corrida eleitoral.

“Digo sem errar que o Meirelles é o melhor entre os melhores”, declarou o presidente, que chegou a ensaiar uma candidatur­a à reeleição, mas acabou desistindo em razão dos baixos índices de popularida­de.

Temer disse também que espera que o ex-chefe da equipe econômica seja o único candidato de centro à Presidênci­a da República.

No mesmo evento, o presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), disse que a definição de um único candidato abre espaço para que

O presidente Michel Temer e o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles durante evento do MDB

a cúpula do partido converse com outras legendas para firmar alianças eleitorais.

“Abrimos espaço para avançar. Meirelles tem a condução de buscar a convergênc­ia e de fazer crescer no bloco de centro.”

Para ele, as demais candidatur­as de centro, como a do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), estão estagnadas e as definições devem acontecer até o fim de julho, prazo para início das convenções.

Em seu primeiro discurso como pré-candidato, Meirelles

disse que vai buscar a união do centro.

“A união com os demais partidos começa agora a ser conversada. Vamos começar a conversar com todos os partidos para ver os tipos de união. [...] se for possível no primeiro turno, excelente. Se não, tenho segurança que serei o candidato no segundo turno”, declarou.

A fala de Michel Temer foi feita em tom elogioso a seu ex-ministro, que patina em 1% nas pesquisas.

“Se dois anos atrás eu dissesse que o Henrique Meirelles viria para o MDB e estaria conosco hoje aqui e agora,

lançando o encontro com o futuro, com certeza me diriam: ‘Temer, conta outra’.”

Ele disse ainda que sentirá muito orgulho se um dia Meirelles for eleito presidente.

O ex-ministro foi definido como “um homem simples de Goiás que ganhou o mundo” e que tem qualidades técnicas, afirmou que ele tem uma carreira admirável e nome “mais que honrado”.

Em entrevista coletiva após o fim do evento, Meirelles foi questionad­o sobre qual papel o presidente terá em sua campanha.

Em resposta, sugeriu que Temer se dedique à conclusão

de seu mandato.

“Temer é o presidente da República, está conduzindo o país e, como mencionou muito bem, tem sete meses de governo […], existe ainda muita coisa a ser feita e ele estará totalmente dedicado a isso”, disse.

Ao falar das ações que Temer adotou nestes dois anos, Meirelles fez um afago ao emedebista, hoje com elevados índices de rejeição. “O tribunal da história não julga no tempo dos homens. Não me resta dúvida que o senhor será reconhecid­o como o presidente que mais fez em menos tempo”, disse o ex-ministro.

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Adriano Machado/Reuters
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*PP, PRB, DEM, PSDB e MDB estudam apoiar uma candidatur­a única. O cenário mais provável seria apoio ao tucano Geraldo Alckmin, mas as conversas devem se consolidar apenas no fim de julho, prazo para que as legendas realizem convenções nacionais

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