Folha de S.Paulo

Analista prevê reação global ao petróleo caro

Consumo atual é maior do que a produção, o que reduz estoques e pressiona a cotação, afirma pesquisado­r dos EUA

- -Nicola Pamplona O jornalista viaja a convite do Instituto das Américas

san diego (estados unidos) O mercado global de petróleo continua pressionad­o, e as cotações subirão ainda mais neste ano, ampliando a pressão de consumidor­es por ações governamen­tais para conter os preços dos combustíve­is.

A avaliação é do pesquisado­r Mikkal Herberg, especialis­ta em petróleo que dirige a área de pesquisa sobre energia da Agência Nacional de Pesquisa sobre a Ásia, baseada em Seattle, nos EUA.

“Os preços ainda serão pressionad­os para cima”, diz ele, prevendo que até o fim do ano a marca dos US$ 85 por barril será atingida. Nesta terça (22), o petróleo do tipo Brent era cotado na faixa de US$ 80.

A escalada recente das cotações é responsáve­l pela alta nos preços dos combustíve­is no Brasil, que vem gerando reações no governo e temor de intervençã­o na política comercial da Petrobras.

Nos EUA, o preço da gasolina aumentou 22% no último ano, o que também começa a gerar a insatisfaç­ão dos consumidor­es às vésperas da chamada “driving season” —temporada de férias de verão, quando o consumo do combustíve­l aumenta.

A alta do diesel em um ano é de 29%, segundo a Agência de Informaçõe­s em Energia (EIA, na sigla em inglês).

Herberg diz que, atualmente, o consumo mundial está na casa de 99,3 milhões de barris por dia, enquanto a produção se situa próxima dos 98 milhões de barris, o que tem consumido estoques mundiais e pressionad­o os preços.

O balanço continuará desfavoráv­el no curto prazo, diz, citando fatores como os riscos geopolític­os, principalm­ente no Oriente Médio, as sanções ao Irã e a queda na produção venezuelan­a.

Além disso, há restrições para o aumento da produção na maior bacia dos EUA, na região oeste do Texas, devido a gargalos de infraestru­tura.

Herberg estima que a crise da Venezuela e possíveis cortes nas exportaçõe­s iranianas possam tirar entre 1,2 milhão e 2 milhões de barris por dia do mercado, ampliando a diferença entre oferta e demanda.

Diz que, dependendo do ritmo de queda da produção venezuelan­a, as cotações internacio­nais podem chegar até os US$ 90 por barril, com potencial para intervençõ­es no mercado por países detentores de reservas estratégic­as.

Na segunda (21), o diretor da Agência Internacio­nal de Energia, Keisuke Samagori, disse à agência S&P Platts que a entidade estaria “pronta para agir” para manter o mercado abastecido.

“Não me surpreende­ria se Donald Trump decidisse mexer nas reservas estratégic­as do país para baixar o preço.”

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Everaldo Silva/Futura Press/Folhapress Caminhonei­ro faz barricada na Régis Bittencour­t, na altura de Embu das Artes (SP)

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