Paralisação já causa desabastecimento em setores estratégicos
Movimento ganha força e afeta entregas de aves, suínos, autopeças, veículos e combustíveis em vários estados
ribeirão preto e são paulo O segundo dia de greve dos caminhoneiros autônomos afetou o abastecimento em alguns setores, como o automotivo, o de carnes e o de combustíveis.
Foi registrada uma morte, no Paraná. Um homem foi atropelado acidentalmente na BR-376, em Paranavaí, durante um bloqueio. O nome da vítima não foi revelado.
Cinco unidades ligadas à avicultura e suinocultura em Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás e Rio Grande do Sul tiveram de suspender operações.
O cenário piora nesta quarta (23), se a greve for mantida, diz a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). Ao menos 20 unidades não terão como operar, afetando o abastecimento no país e as exportações.
“O impacto até aqui é muito mais relevante do que das outras vezes [em que caminhoneiros pararam]”, afirmou Ricardo Santin, vice-presidente e diretor de mercados da ABPA, que representa mais de 140 agroindústrias e entidades vinculadas à avicultura e à suinocultura.
Para o presidente-executivo da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), Péricles Salazar, todo o setor de animais vivos, de leite e o abastecimento em geral estão sendo muito afetados: “Se isso perdurar por mais 24, 48 horas, a situação ficará dramática”. Segundo Salazar, há relatos de caminhões com bovinos parados nas rodovias.
A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) informou que o fluxo da commodity para os portos sofreu redução. A Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) diz haver impacto no fluxo de caminhões e o recebimento das cargas em portos.
Já há dificuldade para a produção de veículos. Quatro fábricas já têm linhas suspensas: Gravataí (RS) e São Caetano do Sul (SP), da General Motors; Camaçari (BA) e Taubaté (SP), ambas da Ford.
Nas três primeiras, faltam peças, enquanto Taubaté parou porque produz motores e transmissões para Camaçari.
Se a greve persistir, a Volkswagen, em Taubaté, também pode suspender operações. “Se essa situação não for resolvida até o fim desta semana, teremos um problema setorial grave”, disse Antonio Megale, presidente da Anfavea (associação das montadoras).
A Inframerica, administradora do aeroporto de Brasília, informou que os caminhões com combustíveis para os aviões “enfrentam dificuldades para chegar ao aeroporto e que passageiros devem buscar as companhias aéreas para ter mais informações.
Os portos de Santos e Paranaguá (PR) informaram, via assessorias, que o fluxo de veículos está reduzido. No porto paranaense, só 300 caminhões deram entrada nesta segunda, ante os cerca de 2.000 desta época do ano.
Se essa situação não for resolvida até o fim desta semana, teremos um problema setorial grave Antonio Megale presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores)