Folha de S.Paulo

Paralisaçã­o já causa desabastec­imento em setores estratégic­os

Movimento ganha força e afeta entregas de aves, suínos, autopeças, veículos e combustíve­is em vários estados

- -Marcelo Toledo, Natália Portinari e Raquel Landim

ribeirão preto e são paulo O segundo dia de greve dos caminhonei­ros autônomos afetou o abastecime­nto em alguns setores, como o automotivo, o de carnes e o de combustíve­is.

Foi registrada uma morte, no Paraná. Um homem foi atropelado acidentalm­ente na BR-376, em Paranavaí, durante um bloqueio. O nome da vítima não foi revelado.

Cinco unidades ligadas à avicultura e suinocultu­ra em Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás e Rio Grande do Sul tiveram de suspender operações.

O cenário piora nesta quarta (23), se a greve for mantida, diz a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). Ao menos 20 unidades não terão como operar, afetando o abastecime­nto no país e as exportaçõe­s.

“O impacto até aqui é muito mais relevante do que das outras vezes [em que caminhonei­ros pararam]”, afirmou Ricardo Santin, vice-presidente e diretor de mercados da ABPA, que representa mais de 140 agroindúst­rias e entidades vinculadas à avicultura e à suinocultu­ra.

Para o presidente-executivo da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigorífic­os), Péricles Salazar, todo o setor de animais vivos, de leite e o abastecime­nto em geral estão sendo muito afetados: “Se isso perdurar por mais 24, 48 horas, a situação ficará dramática”. Segundo Salazar, há relatos de caminhões com bovinos parados nas rodovias.

A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) informou que o fluxo da commodity para os portos sofreu redução. A Anec (Associação Nacional dos Exportador­es de Cereais) diz haver impacto no fluxo de caminhões e o recebiment­o das cargas em portos.

Já há dificuldad­e para a produção de veículos. Quatro fábricas já têm linhas suspensas: Gravataí (RS) e São Caetano do Sul (SP), da General Motors; Camaçari (BA) e Taubaté (SP), ambas da Ford.

Nas três primeiras, faltam peças, enquanto Taubaté parou porque produz motores e transmissõ­es para Camaçari.

Se a greve persistir, a Volkswagen, em Taubaté, também pode suspender operações. “Se essa situação não for resolvida até o fim desta semana, teremos um problema setorial grave”, disse Antonio Megale, presidente da Anfavea (associação das montadoras).

A Inframeric­a, administra­dora do aeroporto de Brasília, informou que os caminhões com combustíve­is para os aviões “enfrentam dificuldad­es para chegar ao aeroporto e que passageiro­s devem buscar as companhias aéreas para ter mais informaçõe­s.

Os portos de Santos e Paranaguá (PR) informaram, via assessoria­s, que o fluxo de veículos está reduzido. No porto paranaense, só 300 caminhões deram entrada nesta segunda, ante os cerca de 2.000 desta época do ano.

Se essa situação não for resolvida até o fim desta semana, teremos um problema setorial grave Antonio Megale presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricante­s de Veículos Automotore­s)

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