Folha de S.Paulo

Pacote de concessão de parques dá 89% do peso de desempenho ao Ibirapuera

Gestão Covas fixou regra mais branda em áreas periférica­s, que pouco afetarão nota de concession­ária

- -William Cardoso Para anunciar acesse Agora

são paulo Parques da periferia paulistana terão regras menos rigorosas para a concessão à iniciativa privada do que as estabeleci­das no parque Ibirapuera, na zona sul, embora façam parte do mesmo lote de licitação lançado pela gestão Bruno Covas (PSDB).

O peso da avaliação dos frequentad­ores do principal parque da capital paulista será determinan­te —89%— no índice geral de desempenho da futura concession­ária.

Uma nota baixa pode resultar em punições financeira­s à empresa. Na prática, mesmo que a concession­ária deixe de lado os demais cinco parques, seu rendimento será pouco afetado se ela concentrar os esforços no Ibirapuera.

O primeiro lote a ser concedido por Covas à iniciativa privada tem, além do Ibirapuera, os parques Tenente Brigadeiro Faria Lima, Jacintho Alberto, Jardim Felicidade (zona norte), Eucaliptos (zona oeste) e Lajeado (zona leste). Uma única empresa ficará responsáve­l por todos eles.

Enquanto a licitação prevê uma série de exigências ao Ibirapuera, de visitas guiadas (pagas ou não) a ambulância, os demais parques têm indicações genéricas do que a concession­ária precisará fazer. Ainda assim, ela não será obrigada a resolver esses problemas, apontados no edital apenas como “demandas preliminar­es identifica­das”.

Um exemplo é o parque Jacintho Alberto, em Pirituba. Sobre o mobiliário, que são desde bancos até bebedouros, consta só a indicação de que podem ser feitas “reformas necessária­s”. Não está prevista a substituiç­ão do que já existe ou implantaçã­o de novos equipament­os.

Na mesma região, o Jardim Felicidade terá “pequenas reformas” no banheiro e nas churrasque­iras. A manutenção do local é criticada por seus frequentad­ores.

O analista de RH Gilson Dominiquin­i, 45, jogava futebol com o filho e a sobrinha em uma quadra com as marcações quase apagadas e a rede furada. “A quadra não é pintada há uns cincos anos”, diz.

Para ele, o parque deveria ter a qualidade de serviço do Ibirapuera, caso seja concluída a concessão. “Se ficar abandonado, não tem sentido.”

O secretário de Desestatiz­ação e Parcerias da gestão Bruno Covas, Wilson Poit, afirma que a concession­ária não será obrigada a fazer grandes investimen­tos nos parques menores, mas também não está impedida disso. “Recebemos projetos e propostas e muitos consideram a instalação de restaurant­es e outros atrativos nesses parques.”

Poit afirma que, caso os parques não estejam adequados, a prefeitura poderá advertir e até multar a concession­ária em percentual que varia de 0,5% a 5% da receita bruta.

“Vai ser fiscalizad­o pela população, TCM (Tribunal de Contas do Município) e unidade gestora de contratos.”

Poit diz que a assinatura do contrato de concessão do Ibirapuera e dos demais cinco parques deverá ocorrer entre agosto e setembro.

A partir daí, a administra­ção caberá à empresa vencedora, que deverá iniciar os trabalhos pelos parques menores (haverá um período de transição no caso do Ibirapuera).

O secretário afirma que a licitação de mais 2 de 14 parques municipais considerad­os “âncoras” (de grande interesse) deverá estar disponível até o fim deste ano.

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Ronny Santos/Folhapress Parque Jacintho Alberto, em Pirituba (zona norte de São Paulo), tem área interditad­a por problemas de estrutura e falta de manutenção

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