Folha de S.Paulo

Fez da ciência um meio para o desenvolvi­mento do Brasil

- -Flávia Faria coluna.obituario@grupofolha.com.br

ALBERTO LUIZ GALVÃO COIMBRA (1923-2018) são paulo Quando a polícia ameaçou entrar no prédio que abrigava a pós-graduação em engenharia da UFRJ (Universida­de Federal do Rio de Janeiro), em plena ditadura

militar, o diretor Alberto Luiz Galvão Coimbra se postou à porta. “Não há nada para vocês aqui”, disse, com firmeza.

A determinaç­ão com que Coimbra enfrentou os policiais é a mesma com que fundou a Coppe (Coordenaçã­o dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia), instituto que abrigou os primeiros cursos de mestrado e doutorado em engenharia do Brasil. A instituiçã­o pertence à UFRJ.

Ocupando apenas duas salas, o professor implantou, em 1963, o curso de mestrado em engenharia química. Estava formado o embrião da Coppe, hoje um renomado centro de pós-graduação, com 13 cursos.

Coimbra investiu em um modelo de ensino baseado na pesquisa e na dedicação exclusiva dos professore­s, uma inovação para a época.

Nos anos que esteve à frente da instituiçã­o, prezou pela pluralidad­e da produção científica. Em meio à Guerra Fria, juntou pesquisado­res americanos e soviéticos.

Em 1973, por ser contrário à intervençã­o dos militares na UFRJ, Coimbra foi afastado da direção. Só retornou com o fim da ditadura.

O professor acreditava no papel da educação e da pesquisa científica para o desenvolvi­mento do país. Ao longo da carreira, articulou diversas parcerias entre a universida­de e importante­s empresas.

Em 1995, com Coimbra já aposentado, a Coppe foi rebatizada em sua homenagem: passou a se chamar, oficialmen­te, Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia.

O professor morreu no dia 16, aos 94 anos. Deixa a esposa, Marlene, os filhos, Carlos Alberto, João e Alberto Felipe, e as três netas, Betty, Ana Bárbara e Geovanna.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil