Folha de S.Paulo

Fechado em SP, Museu da Língua Portuguesa viaja pela África

- -Naief Haddad

são paulo As expressões e os sotaques da língua portuguesa estão em viagem pela África.

O Museu da Língua Portuguesa e o Ministério das Relações Exteriores do Brasil organizara­m uma exposição recém-aberta na sede do Instituto Internacio­nal da Língua Portuguesa, na cidade de Praia, em Cabo Verde.

Depois da terra da cantora Cesária Évora (1941-2011), a mostra “A Língua Portuguesa em Nós” chega em junho a Luanda, em Angola, e desembarca em agosto em Maputo, em Moçambique.

O português é o idioma oficial (ou um deles) de seis países africanos. Além dos três mencionado­s, há Guiné Equatorial, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

Os demais países lusófonos são Brasil e Timor-Leste, além, claro, de Portugal.

Para Santiago Irazabal Mourão, subsecretá­rio de cooperação internacio­nal, promoção comercial e temas culturais do Itamaraty, um dos desafios para o giro pela África é como conquistar o interesse do público de Cabo Verde, Angola e Moçambique.

Isso porque, embora seja língua oficial, o português não é o idioma mais popular nesses países. As línguas nativas ainda têm maior difusão.

Com o intuito de tornar a exposição atraente para públicos com outras referência­s culturais, os organizado­res convidaram especialis­tas para fazer a curadoria. Entre eles, está o professor de literatura, ensaísta e compositor José Miguel Wisnik.

A exposição se divide em eixos como poesia e prosa, a história da língua portuguesa no Brasil e uma visão do idioma pelo mundo.

Segundo Mourão, o ponto alto é o módulo Falares, em que os visitantes vão deixar registrado­s depoimento­s que passarão a integrar o acervo do Museu da Língua Portuguesa —a instituiçã­o paulistana tem reabertura prevista para o segundo semestre de 2019.

Outro destaque da exposição itinerante é a Praça da Língua, uma instalação audiovisua­l com trechos de poesias, romances e canções.

A música, aliás, aproxima o Brasil dos países africanos de língua portuguesa. De acordo com o embaixador, angolanos e moçambican­os, entre outros povos, tomam contato com a realidade brasileira por meio de músicas e novelas.

Para Mourão, no entanto, essa ligação não é suficiente. Segundo ele, os países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) precisam conhecer melhor uns aos outros, o que traria ganhos culturais e econômicos.

Pelo lado brasileiro, diz ele, “ainda são comuns os preconceit­os ligados à pobreza africana, que não nos deixam atentar para como esses países estão se desenvolve­ndo”.

Com mais de 260 milhões de falantes, o português é a sétima língua mais falada do mundo de acordo com o instituto SIL Internatio­nal, responsáve­l pelo Ethnologue,que abrange mais de 7.000 idiomas.

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Sérgio Guerra/Divulgação Angolana em imagem da exposição ‘A Língua Portuguesa em Nós’

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